O
Governo brasileiro defendeu junto dos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) a sistematização dos programas curriculares do ensino do
português a estrangeiros e a nacionais que tenham como primeiro idioma línguas
locais
Bruno Zétola, gestor da área
de cultura do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília disse que,
atualmente, o Brasil conta com centros culturais em mais de 40 países, de onde
saem formados anualmente em Língua portuguesa cerca de 15.000 alunos.
Contudo, sublinhou, os centros
culturais do Brasil nesses países ainda não configuram uma «marca comum», a
exemplo do Instituto Camões - Centro Cultural Português ou do espanhol
Cervantes.
«Estamos a começar agora esse
trabalho de sistematizar e dar uma harmonia para que a nossa rede possa, no
futuro, atingir mais alunos na formação do português, em várias vertentes.
Vamos tentar sistematizar tudo isso», explicou o gestor.
Segundo Bruno Zétola, durante
esta semana, os diretores e coordenadores pedagógicos dos centros culturais do
Brasil em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe
vão debater o projeto de criação da «marca comum», que passa pela
sistematização das práticas curriculares e pedagógicas.
Vão igualmente trabalhar na
elaboração de um currículo comum do português como língua segunda, a vertente
que mais se enquadra nos PALOP.
«Em muitos países, como por
exemplo Cabo Verde, Timor-Leste ou Macau, o português, embora seja a língua
oficial, muitas vezes não é a hegemónica, não é a mais falada - o que não é o
caso de Angola, que o português é amplamente falado ,- mas existe a perspetiva
que consigamos desenvolver um currículo para essas situações específicas, para
esses países, essa regiões, em que o português, embora oficial, é escassamente
falado, pelo que queremos construir um currículo, valorizando o português de
cada um desses lugares», adiantou.
Bruno Zétola salientou que o
objetivo é também «desmistificar» a ideia de que «há um tipo de português que é
o correto e os outros falares de português sejam inferiores».
«Isso acaba por levar a as
pessoas a falarem nas suas línguas maternas porque se sentem envergonhadas,
porque acham que o seu português não é o correto, que o seu modo de falar é
menos legítimo, menos válido, que outros modos de falar», disse.
«Queremos construir um
currículo valorizando essas idiossincrasias locais, valorizando esses modos,
essas variantes de todos os países, valorizando justamente o caráter
pluricêntrico da Língua Portuguesa, para fortalecer o idioma, para que essas
pessoas se sintam mais à vontade, mais familiarizadas nesse idioma»,
acrescentou. In “Revista Port. Com” - Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário