Um consórcio europeu,
constituído por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC) e da Luleå University of Technology, na Suécia,
e por cinco empresas das áreas de projeto de estruturas e de produção de
elementos em aço, desenvolveu um conjunto de soluções que garantem às pontes
metálicas e mistas (aço e betão) antigas um prolongamento considerável da sua
vida útil.
Através de técnicas de reforço
inovadoras, que combinam diferentes estratégias de reabilitação, as soluções
desenvolvidas no âmbito do projeto de investigação PROLIFE - Prolonging Life Time of old steel and
steel-concrete bridges - «permitem uma melhoria muito significativa do
desempenho estrutural de pontes metálicas e mistas em fim de vida. Dependendo
da intervenção que se adotar, a metodologia de reforço que propomos aumenta o
ciclo de vida deste tipo de pontes, com toda a segurança, em mais de 50 anos»,
nota Carlos Rebelo, coordenador da equipa portuguesa e professor no
Departamento de Engenharia Civil da FCTUC.
As intervenções propostas pelo
consórcio foram alvo de longos ensaios e testes à escala real em quatro pontes
antigas. Em Portugal, o caso de estudo foi o da ponte da Portela, em Coimbra.
A reabilitação de pontes
antigas, obsoletas, é de elevada complexidade, pois entram muitos elementos na
equação. Geralmente, «devido à falta de conhecimento e experiência, as pontes
mais antigas foram dimensionadas sem tirar partido do benefício estrutural
obtido com o comportamento misto, ou seja, não existe interação entre os
componentes em aço e os componentes em betão devido, principalmente, à falta de
dispositivos que garantam a transferência das forças de corte longitudinal»,
explica Carlos Rebelo.
As técnicas convencionais
«implicam a remoção parcial do betão, a interrupção do tráfego e eventualmente
a destruição da armadura transversal da laje, pelo que foram estudadas soluções
alternativas», acentua. Entre as várias opções foi também estudado «o uso de
treliças horizontais entre os banzos inferiores das longarinas das pontes em
viga, as quais tornam a secção transversal mais rígida no que respeita aos
efeitos da torção permitindo reduzir significativamente os esforços de fadiga
gerados pelo tráfego», refere o coordenador do PROLIFE.
Os investigadores
desenvolveram ainda uma estratégia inovadora de reforço estrutural que permite
colocar novos materiais em contacto com os componentes originais (antigos),
melhorando a performance das velhas pontes.
O especialista em engenharia
de estruturas da FCTUC observa que a rede europeia de infraestruturas de
transporte, rodoviária e ferroviária, é «caracterizada por uma grande variedade
de pontes metálicas. Aliado ao facto de um grande número destas infraestruturas
já ter períodos em serviço consideravelmente longos, os efeitos do
envelhecimento dos materiais e o aumento do nível de tráfego são grandes
desafios para que sejam mantidos os níveis de segurança estrutural, os
requisitos de desempenho e a sua durabilidade.»
Além disso, «muitas das pontes
antigas estão identificadas como património cultural o que significa que a sua
substituição por uma nova infraestrutura não é facilmente aceitável». Por outro
lado, «nem sempre a substituição da ponte original por uma nova é a solução
mais vantajosa se se tiverem em conta os custos de impacto ambiental associados
ao ciclo de vida da estrutura, para além dos custos diretos associados à sua
construção. Assim, urge a necessidade de desenvolver estratégias de reparação e
reforço também numa perspetiva de sustentabilidade e preservação ambiental»,
finaliza Carlos Rebelo.
O projeto PROLIFE teve um
financiamento de perto de um milhão de euros da Comissão Europeia através da
medida Research Fund for Coal and Steel.
As empresas que integraram o consórcio foram: Alessio Pipinato & Partners
Architectural Engineering (Itália), Movares Nederland B.V. (Holanda), Ramböll
Sverige AB (Suécia), Schimetta Consult Zivil Techniker GMBH (Áustria), empresas
de projeto de estruturas, bem como a Arcelormittal Belval & Differdange S.A
(Luxemburgo), produtora de elementos em aço. Universidade de Coimbra “Faculdade de Ciências e Tecnologia” - Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário