SÃO PAULO – A
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto de
Santos, anunciou que pretende até o final do ano apresentar um novo projeto
para a remodelação da área do Valongo, entre os armazéns 1 e 8, que,
construídos ainda no século XIX, estão abandonados há mais de duas décadas. Espera-se
que não seja mais um anúncio semelhante àquele que o então governador José
Serra fez, em 2010, prometendo a construção de uma ponte estaiada de 4.490
metros entre Santos e Guarujá, à entrada do canal do estuário, na altura da
Ponta da Praia e do ferry boat, ao
custo de R$ 700 milhões.
Aliás, o
projeto a ser anunciado pela Codesp já é o segundo que prevê a remodelação da
área. Como se sabe, durante a administração do prefeito João Paulo Papa, foi
anunciado, em 2012, o projeto Porto Valongo Santos, desenvolvido pela empresa
Ove Arup & Partners, que previa a criação de um centro de lazer, com
terminal de passageiros, centros científico e oceanográfico e outras unidades
públicas.
O projeto
previa ainda a construção de um “mergulhão”, uma passagem subterrânea com 1.130
metros para veículos leves e caminhões, como parte da segunda etapa da Avenida
Perimetral, que liga o bairro do Saboó, à entrada da cidade, ao Paquetá. Mas,
ao que parece, em função do custo da obra – mais de R$ 1 bilhão –, o governador
Geraldo Alkmin abandonou o projeto, a exemplo do que fez com aquele que previa a
construção da ponte estaiada na Ponta da Praia.
Diante disso, é
difícil acreditar que a nova proposta para a remodelação da área do Valongo
venha a sair do papel. Ou seja, é possível que recursos públicos venham a ser
desperdiçados mais uma vez com estudos técnicos e a elaboração do projeto, a
exemplo daqueles citados anteriormente. Seja como for, o que se sabe é que o
novo projeto deve contemplar a ampliação da área ferroviária e, ao mesmo tempo,
preservar os velhos armazéns, a exemplo que foi realizado em Buenos Aires, na
área conhecida como Puerto Madero, que hoje conta com um complexo que abriga
restaurantes, museu e um conjunto de edifícios comerciais e residenciais.
Mais: a Rumo,
concessionária do transporte ferroviário no porto santista, pode assumir a
construção de um pátio com 13 linhas férreas, que viria a eliminar o conflito
rodoferroviário que existe na área em frente ao antigo Armazém 1. A ideia do
“mergulhão” parece que foi abandonada e, em troca, seriam erguidas duas
passarelas para pedestres, com o fim do atual estacionamento de caminhões em
frente ao Museu Pelé, que seria substituído por outro, mas subterrâneo.
Não se pode
também deixar de incluir no projeto a remodelação da entrada de Santos que dá
acesso ao porto, pois, em várias ocasiões, neste começo de 2018, tem-se vivido
uma situação caótica, com alagamentos e inundações, que vêm provocando
congestionamentos gigantescos desde a Via Anchieta. Com isso, são incalculáveis
os prejuízos causados às empresas importadoras e exportadoras e à toda a
comunidade que vive em função do comércio exterior, afetando sensivelmente a
economia do País. Milton Lourenço -
Brasil
Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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