O
Instituto Politécnico organizou a 13ª edição do Concurso de Declamação de
Poesia em Português para Instituições de Ensino Superior da China que contou
este ano com estudantes de quatro universidades locais e oito do Continente. Os
alunos encaram o concurso como uma forma de melhorar o seu conhecimento de
Português
Trinta estudantes de quatro
instituições de ensino superior locais e oito do Interior da China estiveram no Instituto Politécnico de Macau (IPM) para participar na 13ª edição do
Concurso de Declamação de Poesia em Português para Instituições de Ensino
Superior da China.
Joshua Aslarona concorreu pela
primeira vez. Tem 20 anos e está a frequentar o segundo ano da Licenciatura em
Estudos Portugueses da Universidade de Macau. “Gosto de declamar poesia mas
nunca tive oportunidade o fazer. É a primeira vez que participo num concurso de
poesia, mas já não sou amador em termos de concursos de falar em público”,
contou.
O jovem, que nasceu nas
Filipinas mas cresceu em Macau, escolheu declamar o poema “Mãe” de Eugénio de
Andrade. “Identifiquei-me muito [com o poema] porque estou numa fase de
transição da minha vida em que tenho cada vez menos tempo para a minha família,
para a minha mãe”, sublinhou, acrescentando que só agora começa a conhecer
poesia de autores portugueses.
A decisão de estudar Português
prende-se com o facto de lhe dar a possibilidade de trabalhar em várias áreas.
“Posso ser jornalista, posso estudar direito ou ser tradutor-intérprete, se
aprender chinês também, que já estou a aprender, mas é um pouco difícil”. Por
agora, assegura, ainda não tem a certeza do que se segue ao fim da
Licenciatura.
Verónica Ruan também ainda não
sabe o que fará quando terminar os estudos. “Estou a estudar português na
Universidade de Estudos Internacionais de Pequim, no segundo ano. Vou
interpretar ‘Cântico Negro’, de José Régio. É um poema muito intenso, tem muita
emoção e eu gosto muito desse tipo de poesia”, sublinhou antes da competição a
jovem de 23 anos que também aprecia textos de Fernando Pessoa.
A decisão de estudar Português
foi fácil. “Gosto muito de línguas. Quando estava na escola secundária estudava
muito bem inglês. As línguas são um talento meu. Portugal é um país muito
bonito, tem uma cultura maravilhosa e uma história muito longa. Gosto muito da
história dos descobrimentos”, destacou.
Quando terminar o curso admite
a possibilidade de trabalhar tanto no estrangeiro como na China. “A minha
língua é uma vantagem muito grande para trabalhar em Portugal, no Brasil ou na
China como tradutora, intérprete ou jornalista”, apontou.
A aprendizagem do Português
não tem sido difícil. “Gosto muito da gramática e de conversar com outras
pessoas e acho que os portugueses são muito simpáticos. Este ano vou para a
Universidade do Minho, em Braga, e vai ser um período muito interessante”,
destaca.
Ao contrário das outras duas
estudantes, Chu Xiaorui já sabe o que quer fazer quando terminar os estudos:
investigação. Para o concurso do IPM escolheu interpretar um poema de Fernando
Pessoa. “Gosto de Fernando Pessoa porque tem muitas perspectivas diferentes. É
muito diversificado mas muito difícil. Estou no segundo ano, estou a aprender
Português pouco a pouco, mas tenho algumas dificuldades. Em primeiro lugar, a
linguagem, porque depende dos heterónimos”, sublinhou o jovem de 21 anos que
estuda Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Pequim.
A decisão de estudar Português
derivou da curiosidade que tinha em relação ao mundo lusófono. “Portugal e o
mundo da Língua Portuguesa são pouco conhecidos no contexto da China, são pouco
estudados. Gosto de Luís de Camões porque estou a estudar filósofos da Grécia
Antiga e Luís de Camões tem um pouco a ver com eles. Queria estudar e descobrir
mais sobre os poemas de Luís de Camões”, disse o aluno, que acabou por
conquistar o primeiro prémio no concurso de ontem.
Voltar
aos valores originais
Chu Xiaorui destaca ainda a
importância de regressarmos aos valores originais. “Hoje em dia o mundo avança
muito depressa. Todos os dias as pessoas trabalham, comem, mas os corações
estão vazios. Os valores estão a perder-se eles podem ser encontrados nos
filósofos gregos. Gostava de devolver estes valores às pessoas. Camões também
destaca os seus sentimentos em relação à Pátria e Fernando Pessoa diz que é
importante construir uma cultura nova, de futuro. Ambos os autores estão a
tentar criar novos valores”, defendeu o jovem.
Quando terminar o curso, Chu
Xiaorui gostava de prosseguir os seus estudos na área da Sociologia ou
Filosofia, nos EUA. Posteriormente, gostaria de enveredar pelo ramo da
investigação. “Gostava de voltar à Universidade de Pequim e fazer investigação
usando fontes em Língua Portuguesa, que é uma língua que adoro”, sublinhou.
O concurso resulta na entrega
de nove prémios, três em cada nível – elementar, intermédio e avançado. O
segundo prémio, que foi atribuído a Liu Xingyu (Estrela), contou com o
patrocínio pela Fundação Rui Cunha. Houve ainda um prémio especial, da
responsabilidade da Fundação Oriente, para reconhecer a melhor declamação de
poema relacionado com o Oriente, seja devido ao tema, seja pelo autor.
IPM
ajuda Fundação da EPM a levar Português a Zhuhai e Hengqin
O Instituto Politécnico de
Macau (IPM) está a cooperar com a Fundação Escola Portuguesa de Macau (FEPM)
para implementar aulas de Português em duas escolas no Interior da China. “O
que temos feito é ajudar a desbravar caminho porque o IPM conhece melhor a
situação da China”, explicou Carlos André. “Foi através do IPM que a FEPM
chegou a uma escola em Zhuhai, privada, que vai abrir a partir de Setembro e
projecta-se já uma ou mais turmas e um centro de línguas onde haverá língua
portuguesa. A segunda escola, não estive envolvido porque foi mais
institucional, por parte do governador de Hengqin”, disse o director do Centro
Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM. Carlos André acredita que
a colaboração do IPM pode ser útil ao nível do recrutamento de docentes por já
ter conhecimento da situação em mais de 30 universidades chinesas. “É mais
fácil para nós fazer o recrutamento de bilingues e temos em carteira vários
candidatos nativos, portugueses, para posições de ensino no Interior da China”.
Além disso, o IPM produz materiais de ensino, recordou. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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