SÃO PAULO – Embora seja
responsável por 27% da movimentação do comércio exterior brasileiro, o porto de
Santos não tem recebido por parte do governo federal, em termos de
investimentos de infraestrutura, a retribuição que sempre mereceu, até porque
investir no complexo portuário santista significa fortalecer a economia
nacional. Basta ver que, depois de assinar em 2013 convênio com o município
para fazer a remodelação da entrada da cidade e criar novos acessos ao cais, o
governo federal só agora começa a se movimentar para cumpri-lo.
Já o governo do Estado acaba
de liberar verbas para as intervenções que de sua parte são necessárias para
remodelar a entrada da cidade. Como se viu recentemente por ocasião da
temporada de chuvas de verão, a região fica completamente alagada, ocasionando
congestionamentos quilométricos que vão até o alto da Serra.
A execução dos trabalhos
estará a cargo da Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI),
que, em troca, terá ampliado o tempo do seu contrato para cuidar das rodovias.
O investimento previsto é de R$ 250 milhões. Do projeto, constam a construção
de um acesso entre as marginais da via Anchieta, no bairro Piratininga, com a
implantação de uma saída no viaduto da Alemoa (no sentido Planalto), e a
retificação da pista sul da Anchieta, com a interligação das marginais, sob um novo viaduto no quilômetro
65.
Como se sabe, esse trabalho de
modernização do acesso a partir da via Anchieta também se tornou necessário e
inadiável, já que os caminhões e ônibus estão impedidos de trafegar a pista
descendente da rodovia dos Imigrantes em direção ao porto. Isto porque, na
década de 1970, à época do início da construção da Imigrantes, os engenheiros
não foram capazes de imaginar que um declive tão acentuado acabaria por
impossibilitar o acesso de veículos pesados, embora a obra, à época do regime
militar (1964-1985), tenha sido anunciada exatamente como uma solução para os
problemas viários no acesso ao porto. Obviamente, este erro de cálculo nada
edifica a engenharia brasileira.
É de se lembrar ainda que a
Rumo Logística, depois de sua fusão com a América Latina Logística (ALL), como
concessionária ferroviária do porto, também vem investindo para equacionar os
vários conflitos que existem na região do Valongo, responsáveis por provocar
grandes congestionamentos também à entrada da cidade, como aqueles que se vê
diariamente na área do antigo Armazém 1, hoje desativado. Com a MRS, que detém
a concessão na área de Cubatão, a Rumo pretende construir um retropátio à
entrada do porto, que permitirá operações mais disciplinadas na rede.
Bem encaminhada a solução para
a questão ferroviária, o que se espera é que haja vontade política para se
procurar sanar a questão do acesso rodoviário ao porto, hoje dependente de um
viaduto de acesso, pois, na verdade, até agora, a obra de remodelação da
entrada da cidade pela via Anchieta só não saiu do papel por culpa da União. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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