Um
relatório da organização International Maritime Bureau descreve as águas ao
longo da costa nigeriana como extramente perigosas. Reforço de segurança das
embarcações implica custos extra para empresas de transporte
De acordo com o relatório do
International Maritime Bureau (IMB), a Nigéria já registou 22 incidentes nos só
nos primeiros três meses do ano. Dos 11 navios que foram atacados, oito estavam
a cerca de 40 milhas náuticas da costa nigeriana, incluindo um petroleiro com a
capacidade de 300 mil toneladas métricas. Em 2017, a organização já tinha
registado cerca de 20 ataques a embarcações na mesma área.
Kabeer Adamu é um analista de
segurança, presidente de uma firma de consultadoria na Nigéria. Concorda com o
relatório que diz que a pirataria no Golfo da Guiné é um grande problema. O
analista considera que a monitorização do International Maritime Bureau tem um
papel importante, pois se não se conhecesse a realidade, seria um
"problema ainda maior".
"Do ponto de vista da
segurança, é um desafio. Tudo isto traduz-se em custos adicionais para o
transporte, devido ao valor que se tem de pagar para ter mais segurança",
explica Adamu.
De acordo com o IMB, os
ataques no Golfo da Guiné têm como alvo vários tipos de navios. Já houve
tripulações reféns tanto em navios de pesca, como petroleiros. A organização
diz estar a trabalhar com as autoridades nacionais e regionais no Golfo da
Guiné para dar apoio e coordenar ações anti-pirataria.
"Sei que a marinha
nigeriana já fez umas quatro operações na região, algumas delas na Nigéria,
outras por todo o Golfo da Guiné. Já adquiriram novos meios, incluindo barcos
com armamento", explicou o analista à DW.
Adamu acrescentou que também
foram criados postos de controlo. Qualquer embarcação que deixe a Nigéria tem
de passar por lá para verificar se tudo está de acordo com os regulamentos em
vigor.
Desemprego pode ser causa do
aumento de ataques
Um dos principais objetivos da
pirataria é obter dinheiro, como explicou um antigo pirata à DW. Um ataque pode
ser bastante lucrativo para os criminosos.
"Participei nuns 15
ataques. Um resgate, dependendo do tipo de barco, pode variar entre 400 mil
euros e 2 milhões de euros", contou o ex-pirata à DW.
Para Femi Adesin, conselheiro
especial para os media e publicidade do Presidente nigeriano Muhammadu Buhari
por trás deste aumento dos ataques está o desemprego que afeta aquela região. A
pirataria é vista como um recurso para a população.
"Quando as pessoas veem que não há nada
de onde possam tirar benefício, sentem que têm de se desenrascar e acabam por
causar problemas a atividades económicas que estão a trazer dinheiro para o
país", afirma Adesin.
Com a ameaça, empresas de
transporte que operem na região e queiram usar terão de investir
significativamente mais em segurança.
Entre março e abril deste ano
vários países participaram num exercício aeoronaval no Golfo da Guiné, no
âmbito do combate à pirataria e narcotráfico. Entre os participantes estiveram
também Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe. In “DW”
- Alemanha
Sem comentários:
Enviar um comentário