David
Capelenguela é um poeta com uma extensa obra na qual se destacam “Véu do vento
– Haikais & Sonetos”, “Gravuras Doutro Sentido” e “Acordanua”. Obras muito
marcadas pelas inspirações da tradição oral e, por consequência, de valor não
só literário mas também sociológico e antropológico
David Capelenguela é um poeta
com uma extensa obra na qual se destacam “Véu do vento – Haikais &
Sonetos”, “Gravuras Doutro Sentido” e “Acordanua”. Obras muito marcadas pelas
inspirações da tradição oral e, por consequência, de valor não só literário mas
também sociológico e antropológico.
“Ego do Fogo” é a sua nova
proposta editorial, impressa em 2012, mas apenas apresentada ao público no
passado dia 13 de Março na sede da União dos Escritores Angolanos (UEA). Publicado
pela Triangularte Editora, Ego do Fogo é o sétimo volume de poesia do escritor
inserido na colecção Ohandanji.
Segundo o autor, é uma obra
dedicada a todas as mulheres do mundo, particularmente as de Angola, por serem
figuras importantes da sociedade.
Em conversa ao jornal O País,
o escritor referiu que o livro tenta temperar um pouco aquilo que é o normal na
sua forma de escrever. A tendência, segundo o interlocutor, é a sua inclinação
de forma mais profunda para as questões relacionadas com a antropologia: os
adágios, os provérbios, as adivinhas, entre outras. O escritor salientou que a
obra “Ego do Fogo” tentou fazer uma rotura com essa tendência.
Em entrevista a José
Gonçalves, para a RFI, Capelenguela considerou o trabalho em zona rural
afastada como útil à sua produção poética, na medida em que se baseia na
recolha de expressões orais.
“Julgo que tenho conseguido relacionar-me
com esses povos e, na medida do possível, absolver suas tradições, ao ponto de
poder aprender a diferenciação de um simples assobio, um sapatear, o gesto das
mão em uma dança, que pode significar, por exemplo, ter muitos ou poucos bois.
E também a indicação de um jovem rico, a maneira de identificar os cortes de
cabelo na juventude. Esses elementos todos me dão alguma inspiração”, explica.
“A minha reconversão dos
cantos, dos adágios, dos provérbios, das canções, esta forma de ouvir, absorver
e depois passar pelo papel, a maneira como eu quero estruturar minha poesia, a
maneira como eu pretendo transmitir, me dá um fôlego, uma vontade de poder
continuar a continuar a conviver com o interior e com as comunidades”, diz.
Nascido em 1969 na província
da Huíla, David Capelenguela, é membro da União dos Escritores Angolanos (UEA),
e um dos escritores angolanos a viver fora dos grandes centros do país. É autor
de várias obras poéticas, das quais, “Planta da sede”, 1989, “O enigma da
Welwitschia”, 1997, “Rugir do crivo”, 1999, “Vozes ambíguas”, 2004,
“Acordanua”, 2009. Participou nas Antologias poéticas da Brigada Jovem de
Literatura Angolana da Huíla, em 2003 e no Namibe, em 2008, com os textos “O
sabor pegadiço das impressões labiais” e “Dunas de Calahari”. In “Cultura
Jornal Angolano de Artes e Letras” - Angola
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