Angola
regressa à condição de exportador de minério de ferro com o terminal
mineraleiro do Porto do Namibe a ser o palco do início do carregamento das
primeiras 70 mil toneladas com destino à China, esperando-se que o segundo
carregamento aconteça já nas próximas semanas
Depois de anos a fio sem
exportar esta matéria-prima, as primeiras 70 mil toneladas de minério de ferro,
extraídas nos depósitos activos na Huíla, no sul de Angola, deixam o Porto do
Namibe dentro de alguns dias, numa cerimónia onde deverá estar o Presidente da
República, João Lourenço, para atestar a importância do momento para Angola.
O destino das cargas iniciais,
que se os planos iniciais tivessem sido cumpridos, teriam tido início em
Janeiro, são as regiões industriais chinesas, cujas siderurgias passam a contar
com o ferro angolano para a sua laboração.
O navio cargueiro, com pavilhão
liberiano, Trina Oldendorff, com 225 metros de comprimento e capacidade de
carga de 73 mil toneladas, deverá chegar ao porto do Namibe, para carregar 70
mil toneladas de minério de ferro.
O plano do Governo angolano
passa por normalizar os carregamentos de minério de ferro, com a plena
exploração dos depósitos da Huíla, com destaque para Kassinga, e criar
condições para, pelo menos, segundo disse ao Novo Jornal Online fonte ligada ao
sector, dois carregamentos desta dimensão, cerca de 70 mil toneladas, por mês,
durante os próximos anos.
Mas, para isso, como soube o
Novo Jornal Online, a infra-estrutura portuária do Namibe carece de ser
apetrechada com equipamentos novos, como, por exemplo, para pesar a carga
transferida para os navios, obtendo maior precisão sobre as cargas efectuadas.
O peso da carga, para efeitos
do negócio do frete do cargueiro, será, assim, e na ausência dos modernos
equipamentos que apetrecham os grandes portos mundiais, a diferença entre o
peso do navio à chegada e depois de carregado, subtraído o combustível e o
lastro.
Este método deverá ainda ser
utilizado no segundo carregamento, que se prevê para as próximas semanas - o
Trina Oldendorff vai estar atracado para carregamento cerca de 10 dias -, mas,
no futuro, o Porto do Namibe deverá passar a dispor de equipamento adequado.
Outra questão a afinar no
futuro é a questão da segurança no momento de atracar e zarpar dos navios
porque a pouca distância encontra-se um pipeline da Sonangol e é ali que
funciona o principal terminal de combustíveis e lubrificantes da petrolífera
nacional no sul de Angola.
Um
passado pesado
A exploração e o terminal
mineraleiro do Saco Mar, construído em 1967, permitiram que o Porto do Namibe
assistisse à saída de mais de 40 milhões de toneladas de minério de ferro para
alimentar as indústrias siderúrgicas da Europa e da Ásia até 1975, ano em que
foi interrompido o processo, logo depois da independência do país.
A construção deste terminal,
com 525 metros e um calado de 19 metros, foi decidida exclusivamente por causa
da exportação desta matéria-prima vinda das minas de Cassinga/Jamba, província
da Huila e, durante os oito anos que funcionou, foi o de 1973, que melhor
registo conseguiu, com 6,2 milhões de toneladas exportadas.
De acordo com o projecto, que
deverá ser implementado por fases, cuja gestão é da responsabilidade da
Ferrangol, no qual foram investidos, de acordo com o que foi divulgado há cerca
de três anos, mais de 100 milhões de dólares para "relançar a extracção de
minério de ferro" nas áreas de Kassinga Norte (Jamba) e Kassinga Sul
(Tchamulete),onde se estima que existam mais de 35 milhões de toneladas de
minério de ferro.
Importante
fonte de receita
Nas imediações da cidade de
Moçâmedes, soube ainda o Novo Jornal Online, já se encontram mais de 150 mil
toneladas de minério de ferro oriundas da Huíla a aguardar.
A exploração foi concessionada
pela Ferrangol e esta ser operada pela empresa Portandum, do Grupo Boavida, que
investiu mais de 100 milhões neste projecto.
A informação divulgada,
aquando do lançamento desta actividade mineira e a exportação começou a ser
preparada, estimava que o país tem condições para atingir uma produção anual
ligeiramente acima das 1,8 milhões de toneladas, totalmente para exportação.
Com os actuais preços nos
mercados internacionais a rondarem os 65 dólares norte-americanos por tonelada,
e se se confirmar a exportação anual nestes valores - as 1,8 milhões de
toneladas -, o país pode vir a encaixar à volta de 100 milhões USD.
Mas estes valores tendem a
aumentar, de acordo com as previsões, porque, nos próximos três anos prevê-se
que se ultrapassem as oito milhões de toneladas, com a entrada em funcionamento
da 2ª e 3ª fase, Cateruca e Tchamutete, ambas na Huíla.
Posteriormente, existe ainda a
ideia de alimentar as siderurgias nacionais com a matéria-prima oriunda da
Huíla, que chegará ao Porto do Namibe através dos Caminhos-de-Ferro de
Moçâmedes.
O ferro é um metal essencial
em diversas actividades mas tem o principal papel enquanto constituintes das
ligas de aço, na indústria automóvel e na construção civil. Ricardo Bordalo – Angola in “Novo
Jornal”
Sem comentários:
Enviar um comentário