SÃO PAULO – Pesquisa
da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) apontou que o custo
logístico equivale a 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB), aproximadamente US$
500 bilhões, quando o ideal seria 5% do PIB, ou menos de US$ 250 bilhões. Pata
se ter uma ideia de quanto uma infraestrutura deficiente – rodovias e portos
precários, violência nas estradas – prejudica a economia do País – e, por
extensão, toda a população –, basta lembrar que esse valor representa o dobro
do custo dos Estados Unidos, o triplo da Europa e o quádruplo da China.
Em outras
palavras: enquanto o governo não colocar como prioridade zero a expansão e
melhoria das malhas rodoviária e ferroviária e de seus portos, o Brasil vai continuar
condenado ao subdesenvolvimento, ou seja, a atuar como fornecedor de matérias-primas,
tal como à época colonial. Hoje, o País
investe em sua infraestrutura só 2,2% do seu PIB, quando o mínimo deveria ser
5,5%.
Não é preciso
ser especialista em logística para se concluir que os custos nas operações de
comércio exterior vêm fazendo o País perder participação na pauta mundial de
exportações de produtos manufaturados, enquanto as vendas de commodities crescem. Obviamente, ninguém
é contrário a que as vendas de commodities
evoluam, mas não se pode deixar de reconhecer que a queda nas exportações de
manufaturados é consequência dos elevados custos logísticos. E que essa
situação representa um cenário extremamente vulnerável para o Brasil, pois uma
eventual redução nos preços das commodities
pode inviabilizar suas exportações, até porque o País não tem nenhum controle
ou influência sobre suas cotações.
Por isso mesmo,
seria recomendável que houvesse por parte do governo maior esforço para
estimular a industrialização ou agregação de valor às commodities, operação hoje inviabilizada pelo atual sistema
tributário, que acrescenta custos durante o processo industrial. Naturalmente,
esses custos também incidem sobre os produtos industrializados, pois a matriz
de transporte é a mesma.
É de se lembrar
que os armadores têm investido na construção de navios cada vez maiores que não
podem chegar aos portos brasileiros. E que, à falta de outro com melhor
estrutura, o porto de Santos foi elevado a hub
port com uma profundidade de apenas 12,4 metros. Com isso, muitos
exportadores, como grandes cargueiros não chegam a suas regiões, são obrigados
a recorrer ao transporte doméstico de grandes distâncias, o que encarece o
produto e inviabiliza a sua competitividade no mercado externo.
Recorrendo à
cabotagem, o exportador paga alto preço, pois, enquanto o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no combustível para a navegação de
longo curso é isento, naquele modal é cobrado. Mesmo assim, a cabotagem pode
ser até 25% mais barata que o modal rodoviário, mas é preciso que esteja
integrada às malhas rodoviária e ferroviária.
Para tanto,
seria imprescindível que houvesse maiores investimentos nos modais ferroviário
e hidroviário, pois hoje o transporte rodoviário absorve mais de 70% do volume
de cargas movimentadas. Parece claro que, sem uma matriz de transporte mais
equilibrada, o País vai continuar a chafurdar no atraso por muito tempo. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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