A Lei 11.310 de 12 de Junho de
2016, tornou oficial 5 de Novembro o “Dia Nacional da Língua Portuguesa”. Em
homenagem ao aniversário de nascimento de um grande ilustre brasileiro: Rui
Barbosa nascido em 5 de Novembro de 1849. Para reflexão, uma das célebres
frases criadas por Rui Barbosa: “Maior que a tristeza de não haver vencido é a
vergonha de não ter lutado”. E assim, começando pelo último fato histórico do
idioma no Brasil se delineia a história e as diversidades dos falantes deste
país.
A Língua Portuguesa Brasileira
tem raízes no Português lusitano falado pelo colonizador europeu que mesmo com
a presença da civilização indígena que possuía a sua língua possibilitadora do
processo de comunicação entre os mesmos; o homem branco na condição de detentor
do poder, visto que as nações exploradoras se viam assim: impôs o seu idioma
enterrando o maior tesouro cultural dos primeiros habitantes do Brasil. Pelo
que conta a história, antes mesmo do idioma português ser oficializado em
Portugal já estava sendo imposto em “Pindorama” primeiro nome atribuído pelos
nativos ao Brasil.
Não obstante que, a Língua
Portuguesa falada na Península Ibérica, teve origem no Latim Vulgar trazido
pelos romanos no século III a.c com influências menores de outros idiomas. O
Latim vulgar era falado pelas pessoas mais simples, digamos, que não tinham um
elevado grau de instrução e eram estas pessoas que trabalhavam no setor
agrícola, base da colonização. Após a queda do Império Romano no século V d.c e
as invasões germânicas (os Bárbaros), o português arcaico se desenvolveu como
um dialeto românico chamado de galego português diferenciando das outras
línguas românicas ibéricas e em 1290 foi decretado a língua oficial do reino de
Portugal pelo rei D. Dinis. O português moderno aconteceu em 1516 e a
normatização da língua foi iniciada em 1536 a criação das primeiras gramáticas
cujos autores se destacam: Fernão de Oliveira e João de Barros.
A expansão marítima contribuiu
muito para o homem europeu viajar, explorar e impor a cultura portuguesa onde
chegava, aqui no Brasil, os primeiros escritos em língua lusitana são as cartas
escritas por Pero Vaz de Caminha as quais narravam ao rei D. Manoel o que era
visto no Monte Pascoal, estas cartas são consideradas pela literatura a
“Certidão de Nascimento do Brasil”. A expansão da Língua Portuguesa aconteceu
também além do Brasil (América do Sul), no continente europeu (Portugal berço
da respectiva língua), Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e
Príncipe (África), Goa e Timor Leste (Ásia). Em 1990, através da CPLP
(Comunidade dos países de Língua Portuguesa) firmou um Tratado Internacional
com o objetivo de criar uma ortografia unificada. Em 31 de Dezembro de 2012
marca o término do período do novo acordo Ortográfico e a oficialização do
mesmo nos países que falam a Língua Portuguesa.
O dinamismo a língua falada no
Brasil é a soma de vocábulos do idioma português do colonizador, outro grupo de
palavras de origem do Tupi-guarani língua dos primeiros habitantes do Brasil.
Há uma grande presença do vocabulário africano com a vinda dos escravos,
caracterizando assim as raízes do idioma no Brasil e também através dos compostos
eruditos ou hibridismo classificados em: a) helenismos: radicais gregos e prefixos
gregos (demagogo, anfíbio); b) latinismos: radicais e prefixos latinos (ovíparo,
advogado).
A evolução da língua acontece
através dos neologismos (internauta, deletar, blogueiro) e ainda palavra-valise
(Showmício, Flaflu), além dos estrangeirismos ou (empréstimos linguísticos) de
palavras do idioma francês como também, as contribuições do inglês
norte-americano (personal trainer,
making-of) e o aportuguesamento de palavras estrangeiras que se incorporam
ao idioma como (xampu,futebol, abajur,boate); os neologismos semânticos (tira –
policial, figura – gravura ou pessoa) constituindo uma numa língua brasileira com
um conjunto de vocábulo de um riquíssimo léxico e um vasto campo de
significação.
É importante salientar que no
Brasil todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da mesma
devido aos diversos fatores: a) Os regionalismos: se caracterizam pela
diferença de falares de uma região para outra isto pode ocorrer na pronúncia ou
no significado das palavras; b) fatores culturais: o grau de escolarização de
uma pessoa define a forma de falar diferente daquela que não teve acesso à
escola; c) fator contextual diz respeito ao modo de falar de acordo com a
situação: muitos termos utilizado na conversa não podem fazer parte de um
discurso de solenidade de formatura; d)fator natural: a linguagem infantil
apresenta formas diferentes da linguagem adulta.
As variedades linguísticas no
Brasil também se dá em decorrência dos dois níveis de fala existente no país.
Conforme a Linguística (Ciência que estuda a linguagem), uma das dimensões
existe no português que se aproxima da norma-padrão aquela caracterizada como
uma espécie de lei que normaliza o uso da língua falada ou escrita é uma
variedade de prestígio social conhecida como norma culta falada por pessoas
escolarizadas, nesta modalidade estão incluídas as chamadas línguas técnicas
restritas ao vocabulário das profissões: (engenharia, químicos, biólogos,
linguista e outras). A outra dimensão são as formas faladas por pessoas de
pouca instrução com situação escolar menos prestigiada que frequentemente são
vítimas do preconceito linguístico este variedade linguística é denominada
variedade popular ou coloquial.
Na língua popular estão
presentes “as gírias” palavras ou expressões que servem para marcar a
identidade de um determinado grupo social, às vezes ultrapassam fronteiras
desse grupo e passam a ser usadas por boa parte da população. Quando ligada a
uma profissão a gíria é chamada de “jargão”: “aplicar o drible da vaca”, “dar
um chocolate” são exemplos de jargão futebolístico muito usado pelos
torcedores. Ou também as gírias podem desaparecer rapidamente se atualmente se
diz “é dez” para elogiar; “prafrentex” (em desuso) era usado para algo
avançado.
Para alguns estudiosos da
língua, “a gíria” não é a linguagem popular, mas um estilo que integra a
linguagem popular, uma vez que nem todas as pessoas que se exprimem através da
linguagem popular usam gíria. Uma pessoa pertencente a um grupo social da
periferia de uma cidade pode utiliza termos da própria língua portuguesa com
significações criadas e entendida perfeitamente pelo próprio grupo o qual está
inserido. É o resultado da capacidade e criatividade de um povo atribuindo às
palavras ou expressões giriáticas o rico universo semântico (significação)
construído pelo povo que se comunica entre si mesmo vivendo à margem das
classes dominantes e muitas vezes discriminados pelas mesmas por se expressarem
de maneira diferente da linguagem culta. São falantes de um mesmo país chamado
Brasil.
Mediante os conceitos
linguísticos todas as variedades são legítimas e funcionam permitindo não só às
pessoas interagirem como também produzindo cultura e arte. Muito embora os
diferentes sotaques sejam motivos para o preconceito linguístico entre aqueles
que utilizam a norma culta sobrepondo àqueles que desconhecem a mesma dentro do
próprio país. Por outro lado, o preconceito linguístico também acontece
partindo dos falantes de Portugal em relação ao Brasil quando fortalece a ideia
de que “o brasileiro não sabe português e só em Portugal se fala bem português”
(Marcos Bagno).“O brasileiro sabe o seu português, o português do Brasil
enquanto os portugueses de Portugal sabem o português deles. Nenhum dos dois é
mais certo ou mais errado, mais feio ou mais bonito; são apenas diferente um do
outro” (Marcos Bagno). Mª do Carmo de
Santana – Brasil in “Diário do Sertão”
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