Submarinos
militares são construídos para atravessar os oceanos da forma mais indetectável
possível – sem ser reconhecidos por inimigos e espiões. Entenda como
O último contato do submarino
argentino ARA San Juan aconteceu há uma semana, na quarta-feira (15/11), quando
a tripulação relatou uma avaria no sistema de baterias.
Deste então, as equipes de
resgate correm contra o tempo para salvar a vida dos seus 44 tripulantes. O ARA
San Juan é um submarino militar, concebido para participar de missões secretas
de vigilância.
Agora, todos se perguntam: por
que é tão difícil encontrá-lo? Submarinos militares são construídos para
atravessar os oceanos da forma mais indetectável possível – sem ser
reconhecidos por inimigos, adversários e espiões. Eles raramente emergem para
estabelecer contato de rádio ou telefone com suas centrais de comando,
permanecendo geralmente em silêncio.
Mas é claro que isso não se
aplica a uma emergência. Nesse caso, a tripulação deve chamar a maior atenção
possível: ela pode emitir alerta de socorro na superfície, como também batidas
ou outros sons debaixo d'água.
A forma do submarino, no
entanto, pode ser um empecilho, pois ele foi projetado para absorver o maior
número possível de sinais acústicos.
Um
submarino "invisível"?
Submarinos modernos
construídos com tecnologia "stealth" – que permite a maior inviabilidade
possível – são, por exemplo, os do tipo A212 da Marinha alemã ou o SAAB A26 da
Força Naval sueca. Eles foram desenvolvidos na década de 1990 e, desde o
início, foram concebidos como submarinos indetectáveis.
Eles quase não emitem ruído ou
calor e refletem o mínimo possível os impulsos de radar e sonar. O ARA San Juan
não pode ser comparado com esses submarinos.
O submarino argentino foi
construído pelo estaleiro alemão Thyssen Nordseewerke e entrou em operação já
em 1985. Mais tarde, ele recebeu uma modernização, concluída em 2013. Mas, em
princípio, todo submarino militar é construído de forma a emitir o menor número
possível de sinais – isso também vale para o ARA San Juan.
Já na Segunda Guerra Mundial,
a Alemanha construiu submarinos com capacidade de invisibilidade. O primeiro
deles foi o tipo VII da Marinha alemã. Ele foi projetado para reduzir o tanto
quanto possível o ruído de motor e, ao emergir, emitir um sinal de radar o mais
fraco possível. Desde então, os fabricantes de submarinos desenvolveram cada
vez mais formas de tornar esses veículos subaquáticos "invisíveis".
Dispersão
em vez de reflexão
O maior perigo para navios e
aviões – mas também para submarinos – vem do radar. Ele funciona de forma que
as ondas eletromagnéticas sejam refletidas por um material sólido e, de
preferência, metálico.
Os iates feitos de plástico
reforçado com fibra refletem essas ondas apenas fracamente, sendo na verdade
também barcos invisíveis. Só que nesse caso, isso não é algo desejado. Por esse
motivo, eles possuem na maioria das vezes um refletor de radar em seu mastro –
um octaedro feito de chapa metálica. Assim, o navio se torna reconhecível para
os radares.
Quando querem tornar um navio
grande invisível, os construtores recorrem de forma semelhante a superfícies
plásticas. Isso faz com que, em vez de refletidas, as ondas de radar sejam
espalhadas em todas as direções possíveis.
Os projetistas constroem a fuselagem
de navios ou aviões num ângulo peculiar, o que faz com que os sinais sejam
irradiados numa direção diferente. Nos submarinos, este truque é usado com
menos frequência. Aqui, o mais importante é a forma aerodinâmica ideal: quanto
melhor o deslocamento do submarino, menor será a emissão de ruído e calor do
motor.
Evitar
o magnetismo
Atualmente, em submarinos
militares, são utilizados praticamente apenas materiais não magnéticos, como
aço inoxidável ou titânio. Isso tem a ver com o fato de que muitas minas
submarinas estão equipadas com detonadores magnéticos. Se o casco de um navio
passar muito perto, elas explodem.
No entanto, se o submarino não
é magnético, é provável que ele passe incólume por uma mina submarina. Essa é
também uma vantagem para evitar outros detectores eletromagnéticos.
Absorventes
acústicos
O que se aplica às ondas de
radar também se aplica aos ruídos. O principal instrumento para o rastreamento
do fundo do mar é o sonar. Ele emite um sinal sonoro que é refletido pelo solo
oceânico. Dependendo do tempo de retorno e da intensidade do sinal, o sonar
pode detectar a profundidade da água ou se o solo é rico em sedimentos, coberto
de vegetação ou rochoso.
Novamente, um revestimento
adequado pode absorver grande parte do sinal do sonar. Assim, na tela, o
submarino pode aparecer somente como um difuso monte de lama.
Os possíveis inimigos também
não devem saber o que está acontecendo no submarino. Mesmo o barulho de uma
escotilha ou o tilintar de panelas pode revelar a sua posição. Ainda mais
evidentes são os ruídos de motores e propulsão.
Por esse motivo, dentro de um
submarino, tudo que puder se chocar provocando ruídos é isolado e acolchoado
com borracha. Somente motores silenciosos são utilizados e, durante uma missão
submersa secreta, apenas sussurrantes motores elétricos entram em ação. O bom
isolamento acústico também dificulta que a tripulação chame atenção através de
batidas e pancadas.
Menor
emissão possível de calor
Os submarinos também podem ser
interceptados por meio do calor que produzem – por exemplo, com uma câmera de infravermelho
a partir de um avião. Por esse motivo, os fabricantes tentam o tanto quanto
possível reter o calor dentro do submarino ou ao menos dissipá-lo da melhor
maneira.
Em todo caso, devem ser
evitadas áreas em que a água apareça de forma bastante aquecida. A medida mais
eficaz aqui também é: motores altamente eficientes.
Carros, aviões e navios também
podem ser interceptados por ondas eletromagnéticas, que eles mesmos emitem.
Isso vale também, é claro, para os submarinos.
Tais ondas podem ser sinais de
rádio ou outras radiações que emanam de dispositivos elétricos a bordo:
sistemas de radar próprios, computadores, motores, telefones celulares,
sistemas de armamentos e muito mais.
Todas essas fontes de radiação
devem estar desligadas ou, se isso não for praticável, devem ser isoladas o
tanto quanto possível.
Marinha argentina diz que
ruído incomum foi detectado no dia do desaparecimento de submarino
(Reuters) - Um ruído incomum
foi detectado na semana passada, no dia em que um submarino argentino desapareceu,
perto de sua última posição relatada, disse o porta-voz da Marinha, Enrique
Balbi, a jornalistas nesta quarta-feira.
Pressionado por repórteres
sobre a natureza do som detectado, Balbi se recusou a dizer se indicava uma
explosão ou outra emergência a bordo do ARA San Juan, que enviou comunicação
pela última vez em 15 de novembro. In “Defesanet” - Brasil
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