A Usiminas, maior produtora de
aços planos do país, enxerga recuperação mais rápida de seu mercado no ano que
vem e quer se aproveitar dessa tendência vendendo mais produtos laminados a
quente e a frio para reforçar o resultado, segundo o presidente da companhia,
Sérgio Leite.
Em 2017, até agora, os aços
galvanizados a quente estão sendo o carro-chefe do crescimento de vendas da
siderúrgica. Esse tipo de aço é majoritariamente destinado ao setor automotivo,
que vive bom momento, principalmente pelas maiores exportações.
Em entrevista ao Valor, o
executivo revelou que sua expectativa é de crescimento em 2,5% do Produto
Interno Bruto (PIB) durante 2018, em linha com a média dos economistas. Se isso
se confirmar, o mercado de aços planos tem potencial para subir de 5% a 10% no
país, por conta de sua elasticidade na economia.
Em relatório publicado na
semana passada, o Citi calculou que o consumo de aços planos vai subir 6% no
próximo ano.
"Vendemos mais
galvanizados muito na esteira da recuperação da produção automotiva, mas bobina
a quente é nosso principal produto e esperamos crescer no ano que vem",
declarou Leite. "Por enquanto, o produto que tem pior perspectiva é a
chapa grossa, com poucos projetos de energia eólica e petróleo e gás."
O executivo reclama
principalmente do fato de as exigências de conteúdo local para a exploração de
petróleo terem sido reduzidas - um pleito das petrolíferas, mas que encontra
muita resistência na indústria de transformação. Para Leite, o governo federal
não vê a indústria como prioridade.
Após decidir cancelar um
reajuste de preços que estava programado, a Usiminas quer atualizar a tabela de
preços do aço que fornece ao setor automotivo, informou. Na mesa de negociação
com as montadoras, que geralmente protagonizam as conversas mais duras com siderúrgicas,
está aumento mínimo de 25%.
Além desse aumento, as
perspectivas são baixas. O executivo estima que os preços na China, em geral o
termômetro para as siderúrgicas brasileiras promoverem reajustes ou não,
ficarão estáveis em 2018. Mesmo assim, ele garantiu que a companhia vai
perseguir sempre um diferencial ante o aço chinês de 5% a 10%, o chamado
"prêmio".
Leite também comenta que a
Mineração Usiminas (Musa), empresa na qual divide o controle com a japonesa
Sumitomo Corporation, está pronta para atingir no mínimo metade de sua
capacidade nominal, que é de 12 milhões de toneladas por ano. Em 2018, a
companhia pretende exportar cerca de 3,5 milhões de toneladas de minério de
ferro, após ficar quase um ano sem vender ao exterior e voltar no terceiro
trimestre de 2017. Outras 2,5 milhões de toneladas devem ser consumidas pela
própria Usiminas.
Ele ressalta que volumes acima
disso necessitariam de investimentos e essa decisão será tomada dependendo do
preço da commodity. A Musa só consegue gerar lucro com a matéria-prima cotada
acima de US$ 55 por tonelada, exatamente a perspectiva média dos analistas para
o ano que vem no caso do produto com pureza de 62%.
O presidente da Usiminas
também diz que sua subsidiária de bens de capital, Usiminas Mecânica, ainda
está à venda, caso haja interessados. O Credit Suisse chegou a ser contratado
para cuidar da alienação do negócio, mas não houve nenhuma proposta firme.
Assim, ao menos por enquanto, a possível operação está sem assessor financeiro.
"Temos que lembrar que é
uma empresa que funciona a 15% da capacidade hoje. Está totalmente preparada
para uma recuperação do mercado, sem dar prejuízo, mas atua por projetos e hoje
eles são muito pequenos", avalia Leite. "No curto e no médio prazo
não temos mais perspectiva de uma oferta pela Mecânica." Renato Rostás – México in “Valor
Econômico” - Brasil
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