Empresários
do agronegócio da região Sul e Sudeste pretendem utilizar portos da Região
Norte para tornar exportações mais baratas
MANAUS - Empresários
paranaenses apostam no impulso das exportações do agronegócio proveniente da
região Sul a partir das rotas comerciais que saem dos portos que integram o
projeto Arco Norte (região que compreende os Estados de Rondônia, Amazonas,
Amapá, Pará e segue até o Maranhão) em direção à Ásia e à Europa por meio do
Canal do Panamá. Na avaliação dos empresários, a ampliação do Canal do Panamá,
inaugurada em junho deste ano, deve incrementar o volume de grãos transportados
a partir do Porto de Itacoatiara em direção ao exterior, com redução de até 15
dias de transporte e menor custo operacional.
O novo Canal do Panamá foi
inaugurado em junho após nove anos de obras. A principal mudança foi feita nas
eclusas, que passaram a receber embarcações com até 150 mil toneladas, chamadas
de neopanamax, navios 2,5 vezes maiores que os recepcionados até então, os
panamax.
Porto Itacoatiara |
De acordo com o coordenador da
Expedição Safra, Giovani Ferreira, que compõe uma equipe técnica formada por
executivos e membros de entidades de empresariais paranaense, que avalia
periodicamente a produção de grãos da América do Sul à América do Agronegócio
estima que rota Itacoatiara - Ásia ou Europa, via canal do Panamá, diminui
tempo entre 10 a 15 dias Norte, a ampliação no Canal do Panamá pode gerar queda
nos custos de frete e também no tempo gasto com transporte a partir do porto de
Itacoatiara (distante 270 quilômetros de Manaus), de onde a carga sai em
direção à Ásia e à Europa.
A redução no tempo de
transporte será entre 10 e 15 dias. Ferreira informa que o antigo canal tinha
capacidade para escoamento de 360 milhões de toneladas em cargas. A nova
ampliação permite a passagem de 600 milhões de toneladas.
O maior fluxo consequentemente
reduz o tempo de viagem e os custos logísticos. “Não há dúvidas de que as
melhorias no canal devem favorecer o escoamento de grãos que saem da região Norte
em direção à Ásia e à Europa. Porém, dependemos da construção de rotas que
passem pelo Arco Norte e pelo Canal do Panamá. Haverá uma economia no tempo de
viagem que deve sair de 40 para 25 ou 30 dias de deslocamento, com menor
custo”, disse.
Apesar de ser uma alternativa
economicamente viável, Ferreira explica que o canal ainda é pouco utilizado
pelo Brasil e que somente algumas empresas multinacionais transportam cargas
pelo Panamá. Um dos problemas, segundo o coordenador, está na ausência de acordos
comerciais e políticos que incentivem o uso da rota marítima como forma de
tornar o país mais competitivo frente aos demais países expressivos no
agronegócio como por exemplo os EUA (Estados Unidos).
“A utilização da nova rota
pode demorar a acontecer porque o Brasil depende de acordos comerciais.
Percebemos que há uma certa restrição dos EUA na abertura do canal ao Brasil.
Se houver liberação o Brasil será mais competitivo no agronegócio e será um
forte concorrente dos americanos. É uma questão de política internacional”,
avaliou.
Segundo o coordenador, a
utilização da nova rota ainda contribui com a instalação das novas estruturas
portuárias construídas nos Estados que compõem o Arco Norte (região que
compreende os Estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará e segue até o
Maranhão). “É uma grande oportunidade para tornar o Brasil mais competitivo,
priorizando principalmente o Arco Norte que vem de encontro aos novos portos
que estão sendo construídos, seja na ampliação do porto de Itacoatiara, de
Santarém, na estruturação do complexo de Vila do Conde, no município de
Barcarena (PA) e de Itaqui (MA). O canal vem somar, complementar à atividade”,
destaca.
Conforme Ferreira, em 2015 o
Amazonas escoou quase 18 milhões de toneladas de grãos, quantitativo que vem
crescendo anualmente e que segundo ele pode ser direcionada pelo Canal do
Panamá nos próximos anos. “Há um forte potencial para crescimento nas
exportações a partir do Amazonas, da região Norte”, disse. O novo Canal do
Panamá foi inaugurado em junho após nove anos de obras, com investimentos de
US$5,2 bilhões.
Sobre
a Expedição Safra
A Expedição Safra, que chega à
décima temporada, é um projeto de iniciativa do Agronegócio Gazeta do Povo e
consiste em um levantamento técnico-jornalístico da produção de grãos. Da
América do Sul à América do Norte, a sondagem periódica percorre 16 Estados
brasileiros, mais as regiões produtoras dos Estados Unidos, Paraguai, Argentina
e Uruguai.
Para ampliar a discussão sobre
mercado, desde a temporada 2010/11 a Expedição estabeleceu os chamados roteiros
extraordinários, com incursões à Europa (Alemanha, Holanda, Bélgica e França) e
Ásia (China e Índia). A edição 2015/16 do projeto contempla ainda o Arco Norte
brasileiro, rota crucial para comunicação com o Panamá. In “Jornal
do Commercio” - Brasil
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