SÃO PAULO – Pesquisa recente da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Escola de Administração de
Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou que a ampla
maioria dos empresários brasileiros que trabalham com exportações quer que o
País assine acordos comerciais com Estados Unidos e União Europeia. A mesma
pesquisa identificou que, para esses empresários, os principais obstáculos a
uma inserção maior do produto nacional no mercado internacional estão no custo
do transporte, nas tarifas cobradas por portos e aeroportos e na baixa
eficiência governamental no apoio à superação de barreiras.
Dessas propostas, a mais viável hoje
seria a assinatura de um acordo comercial mais amplo com os Estados Unidos, que,
ainda que não estabelecesse o livre-comércio, permitisse ao produto
manufaturado brasileiro recuperar o espaço perdido no mercado norte-americano,
principalmente em função da política equivocada desenvolvida pelo Itamaraty
desde 2003 que priorizou o relacionamento Sul-Sul, entre países
subdesenvolvidos, a pretexto de minimizar possível dependência do País em
relação a Washington.
Já o acordo com a União Europeia
depende basicamente do Mercosul, que atravessa uma etapa extremamente
conturbada, também em função da atuação atrabiliária dos últimos três governos,
que preferiram transformar o bloco num
fórum de debates políticos e ideológicos, em vez de um organismo voltado apenas
para o aspecto comercial. Em razão disso, o Brasil, hoje, depende basicamente
do Mercosul para desovar seus produtos manufaturados, especialmente de
Argentina e Venezuela. Praticamente, 80% dos produtos nacionais enviados para
esses países vizinhos são manufaturados.
Portanto, se o Mercosul colocar por
terra a cláusula que obriga os parceiros a assinar conjuntamente acordos com
outras nações e blocos, tanto Argentina como Venezuela podem, por exemplo,
firmar tratados com a China que possibilitarão a entrada de manufaturados com
os quais os produtos brasileiros não poderão competir. Sem contar que o
Mercosul está, praticamente, sem comando, desde que o Uruguai deixou em julho a
presidência pro tempore.
Se a relação com a Venezuela passa por
contratempos diplomáticos, com a Argentina voltou aos bons tempos, depois da
ascensão de Mauricio Macri à presidência daquele país, como prova a recente assinatura
de acordos para facilitar o comércio bilateral e reduzir a burocracia. Na
América do Sul, o Brasil tem acordo de preferências tarifárias com o Peru, ou
seja, não se trata de acordo de livre-comércio nem de união aduaneira. Por
isso, o Peru se sentiu livre para assinar acordos mais amplos com Estados
Unidos, Japão e Austrália, que acabaram por tornar irrelevantes as vantagens
tarifárias que os produtos brasileiros poderiam desfrutar.
Com a União Europeia, as negociações,
que se arrastam desde 1998, encontram-se à espera de análise das listas de
produtos passíveis de desoneração que cada bloco apresentou em maio de 2016.
Mas, a princípio, não se espera muito, a não ser novas rodadas de
negociação. Mais avançadas estão as relações
entre o Mercosul e a European Free Trade Association (Efta), área de
livre-comércio formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, que,
segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC),
encontram-se em fase de conclusão. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:www.fiorde.com.br
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