Joseph Schooling entrou para a
história de Singapura, ao tornar-se o primeiro atleta a vencer uma medalha de ouro
para a Cidade-Estado asiática. Pela proeza, o seu governo irá dar-lhe um prémio
monetário de um milhão de dólares singapurianos (5,9 milhões de patacas ao câmbio
actual). Bem merecidos, pois não é todos os dias que se vence Michael Phelps. E
Schooling fê-lo na final dos 100 metros de mariposa. O nadador de 21 anos tem
assim muitos motivos para sorrir, mas o maior de todos foi receber os parabéns
do seu ídolo... o próprio Phelps, que acabara de perder a última prova a solo
da sua carreira.
“Disse-me que estava muito
orgulhoso pela minha medalha. Poder caminhar ao lado dele e festejar foi o
melhor momento da minha carreira, vou recordar para o resto da minha vida”,
disse o atleta, que conheceu Phelps pela primeira vez em 2008, em Singapura,
quando tinha 13 anos.
“Estava a treinar e todos
gritaram que o Michael estava ali. Corri para tirar uma fotografia e falar como
ele. Se não fosse pelo Michael não teria chegado a este nível. Já queria ser
como ele quando era apenas uma criança. Ele é a razão pela qual eu quero ser
ainda melhor”, referiu Schooling, confessando que ainda tentou que Michael
Phelps reconsiderasse na sua posição de abandonar a natação após os Jogos Olímpicos.
“Tentei dizer-lhe para nos voltarmos a reencontrar dentro de quatro anos, mas
ele disse que já chegava”.
Michael Phelps falhou assim a
sua 23ª medalha de ouro, mas acabou por obtê-la nos 4x100 livres. O maior
campeão olímpico da história reagiu com fair play. “Não estou contente,
obviamente ninguém gosta de perder. Mas estou muito orgulhoso do Joe. Quis
mudar a natação e com as pessoas que estão hoje na modalidade acredito que o
consegui. Agora, depois dos Jogos, vou gozar a minha vida com o meu filho e a
minha mulher”, disse o atleta de 31 anos.
Em Austin, nos Estados Unidos,
onde vive, Schooling viu o pai, Colin, colocar-lhe uma placa no quarto com a
bandeira de Singapura e o símbolo dos Jogos Olímpicos, onde se lê também “50.1,
recorda-te por que estás aqui”.
Esse era o tempo, 50.1
segundos, que ele considerava ser necessário para chegar ao pódio no Rio. Na
madrugada de sábado fez um pouco pior, 50.39, mas foi o suficiente para bater o
norte-americano Michael Phelps, o sul-africano Le Clos e o húngaro Laszlo Cseh,
que também entraram na história dos Jogos Olímpicos ao terem conseguido pela
primeira vez três medalhas de prata, com o mesmo tempo, 51.14 segundos.
Aos 6 anos Schooling tomou a
decisão de ser nadador. Vivia então na Austrália e quis seguir os passos do tio
Lloyd Valberg, primeiro atleta de Singapura a participar em Jogos Olímpicos.
Para conseguir chegar ao topo resolveu mudar-se para os EUA, em 2011, para
poder evoluir. E, se antes a natação lhe ocupava apenas algumas horas por dia,
a medalha de ouro no Rio de Janeiro muito se ficou a dever aos grandes
sacrifícios dos últimos anos.
Schooling acorda seis dias por
semana às 06.00 para entrar na piscina, durante uma a duas horas. Em dias de
semana, vai depois para a universidade, para aulas das 09.00 às 12.00, seguindo-se
o ginásio depois do almoço. À tarde, mais duas horas de treino. É tão rigoroso
consigo próprio que não se deita depois das 23.00. Tudo isto fê-lo ser, pelo
menos uma vez, mais rápido do que o seu grande ídolo. Gonçalo Lopes – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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