SÃO PAULO – Entre os 15 maiores
exportadores, 14 têm suas pautas de exportação concentradas em produtos
manufaturados. O Brasil não está incluído nesse seleto grupo, ocupando apenas a
25ª colocação no ranking de 2015 elaborado
pela Organização Mundial do Comércio (OMC), embora tenha o 9º Produto Interno
Bruto (PIB) do planeta, o que mostra que teria tudo para estar entre os 15
maiores. O fato triste nessa constatação é que, até o final de 2016, de acordo
com os resultados do primeiro semestre, o País deverá cair para a 29ª
colocação.
O Brasil, a exemplo do que ocorria à
época colonial, ainda é visto (e assim atua) como grande fornecedor de
matérias-primas. Mas com o parque industrial de que dispõe – pouco inferior ao
da Coréia do Sul –, a tendência seria que fosse também grande provedor de
produtos manufaturados, o que não significa que teria de deixar de continuar
sendo fornecedor de commodities. No
entanto, a Coréia do Sul, que está em 14º no ranking dos maiores exportadores, pouco fornece matéria-prima aos
seus compradores, mas vende seis vezes mais produtos manufaturados que o
Brasil.
Depois de 13 anos de má administração
que levou a economia nacional ao fundo do poço, até a nossa condição de
provedor de commodities está ameaçada
porque o fornecimento de matéria-prima está perdendo competitividade não só
porque a China não vem mantendo seu crescimento em níveis elevados como as
despesas provocadas por uma infraestrutura defasada e deficiente pesam cada vez
mais sobre o custo do frete.
Hoje, por exemplo, o custo do frete sobre
a soja exportada representa mais de 25% do valor do produto, mas há mercadorias,
como o milho, em que esse custo ultrapassa a barreira dos 50%. Como as cotações
de commodities continuam a oscilar e
baixar, muitos produtos podem se tornar inviáveis economicamente.
Diante disso, como as obras de
infraestrutura logística seguem em ritmo lento, a saída seria que as commodities exportadas viessem a passar
por um processo de industrialização ou pelo menos de agregação de valores. Mas,
desde já, essa possibilidade se torna inexequível com o atual sistema
tributário, que adiciona e onera custo ao produto durante o processamento
industrial.
Obviamente, nas atuais circunstâncias,
o que menos as autoridades fazendárias querem ouvir são sugestões de medidas
que possam reduzir a arrecadação tributária. Mas a verdade é que um modelo que
desonerasse o produto exportado, eliminando compensações, acúmulos de crédito
ou de ressarcimento aos exportadores, haveria de estimular a economia, a tal
ponto que a importação também aumentaria porque o País cresceria como um todo,
especialmente com a criação de empregos e a ativação do mercado interno. E, a
médio prazo, a arrecadação tributária cresceria normalmente apenas em função do
crescimento da própria economia. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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