SÃO PAULO – Dados coletados
pela Statistics Netherlands, também conhecida como Dutch Central Bureau of
Statistics (CBS), mostram que o contêiner como equipamento utilizado para o
transporte de carga tem ainda muito o que crescer e uma vida longa pela frente.
Basta ver que, em 2014, o transbordo de contêineres nos portos marítimos
holandeses cresceu 9% e o volume de mercadorias que chegam e saem desses
complexos acondicionadas nessas caixas metálicas subiu 2,3%, alcançando 570
milhões de toneladas.
No peso total de contêineres
transbordados em portos holandeses – especialmente em Roterdã, o maior porto de
contêineres da Europa –, houve um crescimento de 25% desde 2000, enquanto o
transbordo de mercadorias a granel diminuiu 2% durante o mesmo período. Com a conclusão
do projeto Maasvlakte 2, os maiores navios porta-contêineres poderão chegar a
Roterdã, o que faz prever um aumento ainda mais significativo no manejo de
contêineres neste porto.
É de se lembrar que hoje o
transporte de contêineres responde por 20% do peso total do transporte de
mercadorias nos portos holandeses. E que cerca da metade da carga marítima
consiste em granéis líquidos, principalmente petróleo e seus derivados,
enquanto granéis sólidos, como carvão e minério, respondem por 25%. À falta de
números confiáveis sobre a movimentação de cargas no Brasil, pode-se imaginar
que essa proporção seja semelhante à que se registra nos portos brasileiros.
Mas, como não dispõe em
andamento de nenhum projeto semelhante a Maasvlakte 2, o Brasil não deverá
acompanhar no mesmo ritmo esse crescimento na movimentação de contêineres. E
tampouco deverá se preparar adequadamente para esse futuro porque o atual
governo não dispõe de recursos para novos investimentos. Pelo contrário. Em
luta pela própria sobrevivência política, o que mais tem feito é cortar
investimentos em áreas essenciais para a economia.
Além disso, a esperança que
tinha de formalizar uma parceria com a China para a retomada de investimentos
em infraestrutura e na área de petróleo, como forma de estancar a recessão,
escorreu pelo ralo depois da desaceleração registrada na economia chinesa, que
inclusive começa a causar consequências negativas nas exportações de commodities de minério e produtos
agrícolas para aquele país.
Por isso, a previsão do
Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), do Rio de Janeiro, em trabalho de
2011 feito por encomenda da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres
de Uso Público (Abratec), segundo a qual a carga transportada por contêineres
nos portos brasileiros cresceria 7,4% ao ano e iria dobrar até 2021, precisa
ser revista. Segundo o estudo, o volume de contêineres em 2021 atingiria 14,7
milhões de TEUs – unidade equivalente a um contêiner de 20 pés –, 90% a mais do
que em 2011, quando o País movimentou 8,2 milhões de TEUs.
Para tanto, porém, seria
necessário um aumento de capacidade suficiente para atender à demanda no
período, o que exigiria investimentos de R$ 10 bilhões nos terminais de
contêineres de uso público, instalados nos portos organizados para prestar
serviços a terceiros, o que, obviamente, não acontecerá em função da crise. Por
outro lado, acuados pela insegurança econômica, os empresários aguardam melhor
momento para investir em terminais privados. Milton Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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