No início de 2015, a
legislação mudou e abriu uma janela de oportunidade para muitas empresas
portuguesas que surgiram no mercado das energias renováveis. A Íkaros-Hemera,
que resulta de uma ‘joint-venture' entre a belga Ikaros Solar e a Hemera
Energy, do grupo Quifel, de Miguel Pais do Amaral, é uma das empresas que tem
aproveitado a nova legislação focada no auto-consumo.
Em entrevista ao programa
Grandes Negócios, Duarte Caro de Sousa, director-geral da Ikaros-Hemera,
admitiu que é neste segmento que a empresa está concentrada. Além disso, a
empresa tomou a "opção estratégica" de concentrar o negócio numa
tecnologia e num segmento de mercado. "Quando começou, a Hemera
transformou-se numa empresa com várias valências tanto fazia solar-térmico,
como climatização, como biomassa como solar fotovoltaico e a decisão
estratégica foi dedicarmo-nos em exclusivo a uma determinada tecnologia (o
fotovoltaico) e para um segmento: as empresas".
Uma estratégia que foi
delineada depois das constantes "alterações e cortes de tarifas e
indefinições sobre o mercado, o que causou muitos estragos no sector. Houve
muitas falências. Para Duarte Caro de Sousa, a ‘joint-venture' com a Ikaros
Solar para o mercado nacional "permitiu à Hemera ganhar dois a três anos
de curva de experiência". A oportunidade surgiu à boleia do desejo de
internacionalização do grupo belga, que em 2010 quis deixar de estar exposto
apenas ao mercado interno e se quis internacionalizar, procurando empresas
parceiras em vários países. Depois de Inglaterra, Portugal foi o Segundo país
onde a Ikaros Solar entrou.
Com a nova legislação virada
para o auto-consumo, a estratégia da Ikaros-Hemera passa agora por instalar
equipamentos de energia solar fotovoltaica que minimizem ao máximo a injecção
na rede.
De acordo com Duarte Caro de
Sousa, "quando há sol e se está a produzir energia, se houver consumo ao
mesmo tempo, os particulares e as empresas estão a consumir directamente a
energia que estão a produzir naquele momento, deixando de pagar essa energia à
rede e deixando de a vender integralmente. Mas se a produção for excessiva para
o consumo, é possível vendê-la à rede mas a um preço muito reduzido, de 90% do
preço da OMIE, que gere o mercado grossista de electricidade na Península
Ibérica".
Por isso, "quanto mais
energia as empresas tiverem de injectar na rede, pior vai ser o retorno do
auto-consumo", conclui o director-geral da Ikaros-Hemera.
A empresa está tão empenhada
em ganhar mercado neste segmento empresarial que desenvolveu um sítio dedicado
ao tema, com todas as perguntas e respostas para as empresas e com as
informações sobre os tipos e capacidades dos equipamentos".
Os dados mostram que o
potencial de Portugal na energia solar está longe de estar explorado. "Em
termos europeus, somos dos países com mais horas de sol. Temos esse recurso que
nos foi dado de borla. Entre os 20 principais países europeus, estamos em 16º
lugar na instalação de painéis fotovoltaicos e somos dos países com mais horas
de sol", explicou o responsável da empresa. Mariana Conceição – Portugal in “Diário Económico”
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