Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Portugal - Direitos humanos

As notícias chegam em “catadupa” mostrando a realidade que o povo palestiniano está a sofrer nos últimos dias. É a destruição das residências de populações civis indefesas, o bombardeamento de um hospital, a eliminação de uma escola da ONU, um número elevado de mortes e feridos entre a população civil.

Em Portugal, os políticos e comentadores de televisão, céleres em tomarem posições sobre os direitos humanos, vão até a um átrio de um estabelecimento de qualidade, bebem um copo, assobiam para o ar e a questão palestiniana não lhes diz respeito.

Numa cela americana, país onde a pena de morte resiste em muitos dos estados federais, um cidadão de nome Joseph Wood agonizou durante uma hora e quarenta minutos, sim uma hora e quarenta minutos, após ter recebido uma injecção letal durante uma execução no estado do Arizona. O cidadão lutou contra a morte com grandes dificuldades respiratórias.

Em Portugal, os políticos e comentadores de televisão, céleres em tomarem posições sobre os direitos humanos, vão até a um átrio de um estabelecimento de qualidade, bebem um copo, assobiam para o ar e sobre a questão da pena de morte no país amigo, nem uma palavra.

Numa fazenda brasileira, acabou de ser notícia, a libertação de trabalhadores agrícolas que exerciam as suas actividades sem qualquer remuneração e num tratamento desumano inaceitável em pleno séc. XXI, só comparável aos tempos em que a escravatura imperava. Em Portugal uma notícia semelhante foi conhecida há alguns meses numa herdade alentejana, passada com imigrantes dos países do leste.

Em Portugal, os políticos e comentadores de televisão, céleres em tomarem posições sobre os direitos humanos, vão até a um átrio de um estabelecimento de qualidade, bebem um copo, assobiam para o ar e sobre o trabalho escravo nem uma palavra. 

Quem nos conhece já sabe o fim a que se destinam as palavras anteriormente escritas. Numa semana em que todo o mundo, incluindo políticos e comentadores de televisão, com acesso a um meio de comunicação social dissertaram sobre direitos humanos num país, que há alguns meses atrás poucos sabiam da sua existência, ainda menos, onde ficava concretamente situado, obviamente que estou a falar da República da Guiné Equatorial, desenvolveram todo o género de argumentação, mas sobre os tópicos que acima foram referenciados, um silêncio total.

No blogue “Baía da Lusofonia” muitos textos sobre a Guiné Equatorial foram publicados nestes dois anos e dois meses de existência sobre este país, desde notícias sociais sobre a protecção da tartaruga à investigação arqueológica na ilha de Corisco, do falar das gentes da ilha de Ano Bom, um idioma que é um conjunto de português e crioulo antigo de nome Fá D'Ambô, um património cultural imaterial lusófono, estudado e publicado entretanto pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), no âmbito do roteiro da adesão da Guiné Equatorial à CPLP. Quando se declara que não se fala português na Guiné Equatorial é uma afirmação que demonstra ignorância e que esquece os milhares de trabalhadores, angolanos, cabo-verdianos, portugueses e brasileiros que encontraram nessa terra a forma de auferirem o que a sua não lhes dá e de contribuírem para o crescimento que a Guiné Equatorial tem tido nos últimos anos que alguns pretendem escamotear.

Por aqui também poderá encontrar textos políticos, como as posições do CPDS, principal partido da oposição e que está representado na Internacional Socialista, sobre os últimos cidadãos a serem executados, devidamente identificados, presos de delito comum transformados rapidamente em casos de perseguição política, ou o acontecimento das últimas semanas, em vésperas da adesão do país à CPLP, do cidadão italiano também devidamente identificado com a presença do embaixador italiano.

Interessante assistir-se na televisão a um político “meia-leca” que chegou a ministro da defesa, defender, ao ser entrevistado sobre o tema da Guiné Equatorial, que a língua portuguesa pertence a Portugal, esquecendo-se do século em que vive e que a língua portuguesa, a segunda língua universal a seguir à língua inglesa, pertence à humanidade e teve as suas origens nas terras da Galiza.

Todos sabemos que a Guiné Equatorial é governada por um ditador de seu nome Teodoro Obiang Nguema Mbasogo há quase 35 anos, mas nesta região do globo, um país ser governado por um ditador ou por um democrata marioneta, manobrado por uma potência ocidental como pretendem os franceses, com grandes interesses na região, ou pelos espanhóis, última potência colonial, venha o diabo e escolha!

Oyala
Daqui a cinco anos, caso não haja um acontecimento precipitado por terras da Guiné Equatorial, vamos assistir sentados, a todos estes políticos e comentadores televisivos a tentarem conseguir um bilhete de avião gratuito, para irem beber um copo e tecer os mais rasgos elogios na futura capital do país, Oyala, a primeira do mundo a ser totalmente sustentável com energias renováveis. Baía da Lusofonia

Sem comentários:

Enviar um comentário