As notícias chegam em “catadupa” mostrando a
realidade que o povo palestiniano está a sofrer nos últimos dias. É a
destruição das residências de populações civis indefesas, o bombardeamento de
um hospital, a eliminação de uma escola da ONU, um número elevado de mortes e
feridos entre a população civil.
Em Portugal, os políticos e comentadores de
televisão, céleres em tomarem posições sobre os direitos humanos, vão até a um
átrio de um estabelecimento de qualidade, bebem um copo, assobiam para o ar e a
questão palestiniana não lhes diz respeito.
Numa cela americana, país onde a pena de
morte resiste em muitos dos estados federais, um cidadão de nome Joseph Wood
agonizou durante uma hora e quarenta minutos, sim uma hora e quarenta minutos,
após ter recebido uma injecção letal durante uma execução no estado do Arizona.
O cidadão lutou contra a morte com grandes dificuldades respiratórias.
Em Portugal, os políticos e comentadores de
televisão, céleres em tomarem posições sobre os direitos humanos, vão até a um
átrio de um estabelecimento de qualidade, bebem um copo, assobiam para o ar e
sobre a questão da pena de morte no país amigo, nem uma palavra.
Numa fazenda brasileira, acabou de ser
notícia, a libertação de trabalhadores agrícolas que exerciam as suas
actividades sem qualquer remuneração e num tratamento desumano inaceitável em
pleno séc. XXI, só comparável aos tempos em que a escravatura imperava. Em
Portugal uma notícia semelhante foi conhecida há alguns meses numa herdade
alentejana, passada com imigrantes dos países do leste.
Em Portugal, os políticos e comentadores de
televisão, céleres em tomarem posições sobre os direitos humanos, vão até a um
átrio de um estabelecimento de qualidade, bebem um copo, assobiam para o ar e
sobre o trabalho escravo nem uma palavra.
Quem nos conhece já sabe o fim a que se
destinam as palavras anteriormente escritas. Numa semana em que todo o mundo,
incluindo políticos e comentadores de televisão, com acesso a um meio de
comunicação social dissertaram sobre direitos humanos num país, que há alguns
meses atrás poucos sabiam da sua existência, ainda menos, onde ficava concretamente
situado, obviamente que estou a falar da República da Guiné Equatorial, desenvolveram
todo o género de argumentação, mas sobre os tópicos que acima foram
referenciados, um silêncio total.
No blogue “Baía da Lusofonia” muitos textos
sobre a Guiné Equatorial foram publicados nestes dois anos e dois meses de
existência sobre este país, desde notícias sociais sobre a protecção da
tartaruga à investigação arqueológica na ilha de Corisco, do falar das gentes
da ilha de Ano Bom, um idioma que é um conjunto de português e crioulo antigo de nome Fá D'Ambô, um património cultural imaterial lusófono, estudado e
publicado entretanto pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP),
no âmbito do roteiro da adesão da Guiné Equatorial à CPLP. Quando se declara
que não se fala português na Guiné Equatorial é uma afirmação que demonstra
ignorância e que esquece os milhares de trabalhadores, angolanos, cabo-verdianos,
portugueses e brasileiros que encontraram nessa terra a forma de auferirem o
que a sua não lhes dá e de contribuírem para o crescimento que a Guiné
Equatorial tem tido nos últimos anos que alguns pretendem escamotear.
Por aqui também poderá encontrar textos
políticos, como as posições do CPDS, principal partido da oposição e que está
representado na Internacional Socialista, sobre os últimos cidadãos a serem
executados, devidamente identificados, presos de delito comum transformados rapidamente
em casos de perseguição política, ou o acontecimento das últimas semanas, em
vésperas da adesão do país à CPLP, do cidadão italiano também devidamente
identificado com a presença do embaixador italiano.
Interessante assistir-se na televisão a um político
“meia-leca” que chegou a ministro da defesa, defender, ao ser entrevistado
sobre o tema da Guiné Equatorial, que a língua portuguesa pertence a Portugal,
esquecendo-se do século em que vive e que a língua portuguesa, a segunda língua
universal a seguir à língua inglesa, pertence à humanidade e teve as suas
origens nas terras da Galiza.
Todos sabemos que a Guiné Equatorial é
governada por um ditador de seu nome Teodoro Obiang Nguema Mbasogo há quase 35
anos, mas nesta região do globo, um país ser governado por um ditador ou por um
democrata marioneta, manobrado por uma potência ocidental como pretendem os
franceses, com grandes interesses na região, ou pelos espanhóis, última
potência colonial, venha o diabo e escolha!
Oyala |
Daqui a cinco
anos, caso não haja um acontecimento precipitado por terras da Guiné
Equatorial, vamos assistir sentados, a todos estes políticos e comentadores televisivos
a tentarem conseguir um bilhete de avião gratuito, para irem beber um copo e
tecer os mais rasgos elogios na futura capital do país, Oyala, a primeira do
mundo a ser totalmente sustentável com energias renováveis. Baía da Lusofonia
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