Apesar do
discurso oficial que frequentemente anuncia grandes obras de infraestrutura
rodoviária e portuária, a verdade é que o País vem recebendo poucos
investimentos nesses setores que são vitais para a economia. Tanto que esse foi
o principal motivo que levou o Brasil a cair 20 posições no ranking de
logística do Banco Mundial (Bird), que mede a eficiência dos sistemas de
transporte de 160 países.
É de lembrar
que o País caiu de 45º lugar para 65º, alcançando a pior colocação desde 2007,
quando o ranking foi lançado. Também não se pode atribuir a queda à matriz de
transporte distorcida que o País oferece, com ênfase majoritária no modal
rodoviário (58%), pois esse cenário já existia há sete anos.
Portanto, é
falta mesmo de investimento e de um efetivo Plano de Aceleração do Crescimento
(PAC), já que o que se tem é apenas uma junção de programas que existiam. Basta
dizer que, em 2013, dos R$ 15,4 bilhões que o governo federal autorizou para
investimento em transporte, só R$ 10,4 bilhões saíram dos cofres públicos. Sem
contar que esse número inclui saldos devedores de anos anteriores que foram
pagos.
Seja como
for, o certo é que 32% dos recursos disponibilizados no orçamento da União não
foram investidos no ano passado, segundo dados divulgados pela Confederação
Nacional do Transporte (CNT). Ou seja, está claro que o governo não dispõe de
agilidade para implementar as obras de infraestrutura necessárias para o
desenvolvimento do País. Basta lembrar que, segundo a Associação Comercial de
Santos (ACS), a liberação de um projeto para licitação no porto santista chega
a demorar mais de um ano.
De tudo isso,
conclui-se que é preciso adotar novas políticas públicas para atrair
investimentos privados. No caso da infraestrutura portuária, sabe-se que
empresas ligadas à Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) estão
dispostas a investir, nos próximos dez anos, pelo menos R$ 44 bilhões em
aplicações e construção de terminais. Mas não o fazem por causa da incerteza
que cerca o setor.
É preciso
também criar condições para que a iniciativa privada construa ferrovias e
portos onde houver boas perspectivas econômicas. E mais: o governo que vai sair
das urnas dia 5 de outubro deve deixar para trás essa visão estatizante que tem
levado o Brasil a despencar nos rankings mundiais de eficiência e partir para a
privatização total, limitando-se a estabelecer marcos regulatórios. Isso
significa passar para a iniciativa privada o que for possível, de ferrovias a
portos marítimos e fluviais e aeroportos. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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