Guiné-Equatorial face ao mundo e à CPLP
(2009 a 2013)
Walter
Anatole Marques
Julho 2014
Julho 2014
No passado dia 23 de Julho, durante
a X Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu
em Timor-Leste, a Guiné-Equatorial1 foi aceite, por consenso, como membro de pleno direito desta Organização.
No texto que se segue pretende-se analisar
as trocas comerciais efectuadas pelo novo Estado-membro com o mundo e no
contexto da CPLP, ao longo dos últimos cinco anos.
A Balança Comercial de mercadorias da Guiné-Equatorial
é superavitária, com saldos de 7,1, 10,4 e 8,6 milhões de Euros respectivamente
em 2011, 2012 e 2013, anos em que os elevados graus de cobertura das
importações pelas exportações atingiram 387,6%, 682,6% e 428,5%.
Após quebras anuais
em 2011 e 2012, as importações aumentaram em 2013 (+24,0%). Por sua vez as
exportações cresceram de 2010 a 2012, para acusarem uma quebra em 2013 (-11,3%).
Os principais mercados de origem das importações da Guiné-Equatorial em
2013 foram os EUA (25,6%), a Espanha (15,3%), a China (12,1%) e Singapura
(11,3%).
Seguiu-se a França (5,3%), a Itália
(4,7%) e Portugal (3,0%), este com fornecimentos a crescerem sustentadamente ao
longo dos últimos quatro anos, embora de menor monta.
1- Localizada na África Ocidental e banhada pelo Oceano
Atlântico, a parte continental da Guiné Equatorial faz fronteira com os
Camarões a Norte, e com o Gabão a Leste e a Sul. A sua capital, Malabo,
situa-se na ilha de Bioko (antiga Fernando Pó, a que o navegador português
aportou em 1471), no Golfo de Biafra. Compreende ainda outras ilhas:Ano Bom, a
Sul de S.Tomé e Príncipe, Corisco, Elobey Grande e Pequeno, e ilhotas
adjacentes, ao largo do Gabão. Com uma população de cerca de 760 mil habitantes
e uma superfície de apenas 28000 Km2, tem por línguas oficiais o Espanhol, o
Francês e recentemente também o Português.
As importações originárias da Nigéria, essencialmente petróleo, que em 2009
e 2010 haviam representado respectivamente 63,4% e 52,3% do total, anularam-se
nos dois últimos anos, na sequência do grande incremento verificado na
exploração deste produto no país, cuja exportação em número de barris por
habitante se aproximará já da do Kuwait.
Os principais mercados de destino das exportações da Guiné-Equatorial em 2013 foram a China (17,2%), o Japão (14,0%), o Reino Unido (12,8%) e a França (10,5%).
Seguiu-se a Espanha (7,5%), o Brasil (6,8%) e os EUA
(6,5%), tendo Portugal ocupado a 14ª posição, com apenas 1,8%).
Em 2013, a maior percentagem das importações efectuadas pela Guiné-Equatorial,
por agrupamentos de produtos, incidiu nas “Máquinas” (39,0%), com destaque para a máquinas e aparelhos
mecânicos.
Seguiu-se o “Material de transporte” (16,0%), compreendendo tanto automóveis
como outro material de transporte, os “Minérios
e metais” (14,1%), com destaque para os metais, e os produtos “Agro-alimentares” (12,1%), em que o
vinho e outras bebidas alcoólicas e também as carnes ocuparam lugar de relevo.
No agrupamento “Produtos acabados diversos” (8,0%), incluem-se produtos muito
diversificados, como cerâmica e vidro, entre outros.
Uma referência ainda ao agrupamento “Químicos” (5,8%), com destaque para os
plásticos e para a borracha e suas obras.
Nos últimos cinco anos as exportações dominantes por agrupamentos
de produtos couberam aos “Energéticos”,
essencialmente petróleo bruto, com quotas compreendidas entre 92% e 95%.
Entre os restantes agrupamentos, uma
referência ao dos “Químicos” (3,5% do
total em 2013), quase que exclusivamente produtos químicos orgânicos, como
benzeno ou xileno, “Material de
transporte” (1,6%), principalmente partes de aeronaves e da “Madeira, cortiça e papel” (1,2%),
praticamente apenas madeira.
São ainda pouco significativas,
embora tendencialmente crescentes, as quotas
globais da CPLP nas importações e nas exportações da Guiné-Equatorial, sendo mesmo nulas ao nível de alguns Estados-membros.
A Balança Comercial da CPLP com a Guiné-Equatorial, no
conjunto dos seus anteriores oito Estados-membros, registou um valor das
importações superior ao das exportações ao longo dos últimos cinco anos.
Os principais intervenientes em
ambos os fluxos foram o Brasil e Portugal, que conjuntamente averbaram a quase
totalidade das trocas.
Nos cinco anos em análise não se
efectuaram importações, com origem na Guiné-Equatorial, em Angola, Guiné-Bissau
e Timor-Leste.
As importações em Moçambique
ocorreram apenas em 2013.
Por sua vez, no mesmo período, não
houve lugar a exportações para a Guiné-Equatorial a partir de Angola,
Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste.
Cabo Verde apenas efectuou escassos
fornecimentos em 2012 e S.Tomé e Príncipe em 2011 e 2012.
As importações globais na CPLP por agrupamentos de
produtos, com origem na Guiné-Equatorial, centraram-se na sua quase
totalidade, ao longo dos cinco anos em análise, no agrupamento “Energéticos”.
A excepção ocorreu em 2012, ano em
que se registou uma importação da ordem dos 150 milhões de Euros no agrupamento
“Material de transporte”. Tratou-se
neste caso da importação pontual, em Portugal, de uma aeronave.
Em 2013 as importações de “Energéticos” pelo conjunto dos países
da CPLP, principalmente petróleo bruto mas também gás de petróleo,
ultrapassaram os 920 milhões de Euros.
As exportações da CPLP por agrupamentos de produtos, com
destino à Guiné-Equatorial, bem mais diversificadas, dirigiram-se em
2013 principalmente para os agrupamentos “Minérios
e metais” (34,3%), “Agro-alimentares”
(18,2%) e “Máquinas” (18,1%).
Seguiram-se os agrupamentos “Energéticos” (9,5%), “Químicos” (8,1%), “Material de transporte” (5,4%) e “Produtos acabados diversos” (4,5%).
Com pesos inferiores a 1%, o “Vestuário e calçado” (0,9%), a “Madeira, cortiça e papel” e as ”Peles,
couros e têxteis” (com apenas 0,5% cada).
Os exportadores de produtos “Energéticos” em 2013 para este país
exportador de petróleo bruto e de gás, foram o Brasil (betume de petróleo e
refinados) e Portugal (betume de petróleo principalmente, asfaltos e óleos
lubrificantes).
Julho de 2014.
Walter Marques - Portugal para o blogue Baía da Lusofonia
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