O
VA Domingos Savio Almeida Nogueira detalha as atividades da Marinha do Brasil
no Teatro de Operações da Amazônia
Para conhecer a Amazônia de verdade é preciso entender sua posição estratégica para o país. E os rios são a chave para esse conhecimento. |
Um dos principais desafios
para o Brasil é conhecer a Amazônia. Sua vocação eminentemente hídrica
provocou, ao longo dos séculos, a necessidade do deslocamento de seus
habitantes através dos rios. Muito antes da chegada dos colonizadores na
Amazônia, os nativos já utilizavam canoas. Ainda hoje, grande parte da
população amazônica vive da pesca, além disso, o deslocamento do ribeirinho se
dá através da infinidade de rios que retalham a grandeza territorial.
Mas para conhecer a Amazônia
de verdade é preciso entender sua posição estratégica para o país. E os rios
são a chave para esse conhecimento. São as estradas que a natureza construiu em
cujas margens se desenvolveram inúmeras populações.
Nos dias de hoje é quase
impossível imaginar o imenso sacrifício dos primeiros aventureiros que
adentraram o rio Amazonas, sofrendo com doenças, ataques de índios e todo o
tipo de dificuldades que dizimavam suas tripulações. Mas estes aventureiros
foram os responsáveis pelas instalações dos muitos fortes ao longo dos diversos
rios, hoje transformados em comunidades.
Portanto, é impossível se
pensar em Amazônia sem associar a importância que os rios têm para o
desenvolvimento econômico e social. Eles devem ser vistos como o grande
propulsor do desenvolvimento sustentável da região.
Hoje, a grande questão é: em
que medida é possível conciliar-se o desenvolvimento econômico com a proteção
do meio ambiente? A resposta está nas hidrovias.
Hidrovia é uma rota
pré-determinada para o tráfego aquático. Há muito tempo o homem utiliza a água
como estrada e a Amazônia é o maior exemplo disso.
O transporte por hidrovias
apresenta grande capacidade de movimentação de cargas a grandes distâncias com
baixo consumo de combustível, além de propiciar uma oferta de produtos a preços
competitivos. A ampliação da utilização da hidrovia é uma tendência mundial por
uma questão ambiental. Mais cedo ou mais tarde, ela se tornará obrigatória.
A viabilização de uma
navegação segura no Rio Madeira, por exemplo, permite o escoamento da produção
de grãos de Rondônia e Mato Grosso para o Amazonas e, daí, para o Atlântico.
Isso cria um corredor de desenvolvimento integrado, com um transporte de alta
capacidade e baixo custo para grandes distâncias, elimina um grave problema
estrutural do setor primário com a redução significativa da dependência do
modal rodoviário até os portos do Sudeste e representa mais uma opção de
integração nacional, com a redução de trânsito pesado nas rodovias da região
Centro Sul.
A Marinha do Brasil tem um
papel fundamental no desenvolvimento do modal hidroviário, tanto com a produção
de conhecimento, através dos Levantamentos Hidrográficos, quanto com a formação
do profissional para atuar nessas hidrovias.
Em 2013, por intermédio do
Comando do 9º Distrito Naval, a Marinha avançou com vários projetos voltados
para a importância do tema. Inaugurou o Centro Técnico de Formação de
Fluviários da Amazônia Ocidental (CTFFAO); promoveu o seminário “O Futuro
Amazônico: Hidrovias 2014 a 2031”, na cidade de Manaus, com a participação de
mais de 300 empresários do ramo da navegação; e iniciou a construção do Serviço
de Sinalização Náutica do Noroeste (SSN-9), com previsão de inauguração ainda
em 2014.
Uma outra etapa importante
do trabalho da Marinha, feita em parceria com o Ministério dos Transportes, é a
sinalização dessas hidrovias, de modo que os condutores saibam onde navegar. No
entanto, para que isso ocorra, é necessário ao navegante uma boa formação
profissional. Daí a necessidade da criação do CTFFAO. Nele são oferecidos
diversos cursos, das diversas categorias subalternas das carreiras da Marinha
Mercante. Essa mão de obra formada pela Marinha também garante que as normas de
segurança sejam compreendidas e respeitadas.
A criação do SSN-9 vai
garantir um aumento na capacidade de atualização cartográfica na região. Para
isso, a Marinha do Brasil adquiriu dois novos navios para realização de
Levantamentos Hidrográficos e um terceiro está sendo construído especificamente
para essa tarefa de cobrir os vazios cartográficos da região amazônica. Esses
navios são dotados de equipamentos e mão-de-obra qualificada para a realização
de sondagens dos rios com o objetivo de produzir e manter constantemente
atualizadas as cartas náuticas da região amazônica, garantindo assim a
segurança da navegação pelos seus 22 mil km de hidrovias. Domingos Nogueira – Brasil in
“DefesaNet”
Domingos
Savio Almeida Nogueira - Vice-Almirante, Comandante do 9° Distrito
Naval
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