SÃO PAULO – Estudo da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que a produção
industrial brasileira é 38% mais cara que a de países emergentes. E isso tem
tornado o produto nacional pouco competitivo, o que pode explicar o fato de o
Brasil hoje ser uma nação predominantemente fornecedora de matérias-primas, tal
como era à época do Antigo Regime (séculos XVI-XVIII).
Como do atual governo já
não se pode esperar muito, o que se aguarda é que o presidente da República que
assumir a partir de 1º de janeiro de 2015 tenha maior compromisso com um
planejamento a médio e longo prazos para a indústria nacional, deixando de lado
as medidas paliativas que têm marcado a ação governamental até agora.
Segundo aquele estudo da
Fiesp, se o novo governo assumir esse compromisso, com certeza,a indústria
poderá ampliar sua participação na economia dos atuais 13% para 17% nos
próximos 15 anos, ampliando a oferta no mercado de trabalho. Para tanto, é
necessário que haja um aumento da renda média per capita anual do brasileiro de
US$ 10 mil para US$ 20 mil, o que fatalmente provocará um impulso enorme no
consumo interno de produtos manufaturados.
Ao mesmo tempo, é
preciso criar condições para que esses produtos alcancem o mercado externo.
Caso contrário, o Brasil continuará a exportar cada vez mais couro in natura
para comprar sapatos made in China. E este é só um exemplo.
Obviamente, para que a
projeção da Fiesp se torne realidade, o novo governo terá de exibir muita
ousadia para enfrentar não só a burocracia que atrasa o desenvolvimento dos
negócios como a alta carga tributária que incide sobre os produtos. Sem contar
o alto preço das matérias-primas. Para piorar, não se vê medidas concretas para
superar os gargalos logísticos que mantém o País sempre a dois passos atrás das
nações concorrentes.
E aqui não se deve
apontar os portos como os responsáveis pelos gargalos logísticos. Até porque,
em duas décadas, os portos, bem ou mal, suportaram o crescimento da economia
brasileira de US$ 973 milhões para US$ 1,9 bilhão e da corrente de comércio
(exportação/importação) de 6,6% para 46% daqueles montantes.
É claro que os gargalos
estão basicamente nas estradas e vias de acesso aos portos. E também na falta
de um sistema ferroviário nacional digno desse nome e de um sistema hidroviário
de transporte de carga, áreas em que o País praticamente terá de começar do
zero. Basta ver que os ramais ferroviários no Porto de Santos estão à beira de
um colapso por falta de espaço para manobras devido ao excesso de carga.
Essa constatação levou o
governo a flexibilizar a legislação de concessão de rodovias, ferrovias e
hidrovias para facilitar a atração de investimentos que venham a aperfeiçoar a
infraestrutura logística. E, ao que parece, tanto os governos do Japão e da
China como empresários daqueles países estão dispostos a investir na
infraestrutura logística brasileira. Mauro
Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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