SÃO PAULO – Assim
como o Brasil não é mais o país agrícola do século XIX, Portugal não é mais a
nação atrasada e antiquada de quando enviava legiões de imigrantes para cá.
Ambos ainda não alcançaram o nível dos países desenvolvidos, mas, em muitos
aspectos, são nações modernas que, unidas pela língua, podem fazer grandes
parcerias comerciais, além daquelas que já estão em curso não só na área
educacional como no setor de pesquisa em ciência e tecnologia, de que a
nanotecnologia, a biotecnologia e a tecnologia da informação são os melhores
exemplos.
Nesse
sentido, Portugal, parceiro da União Europeia, pode funcionar para o Brasil
como via de acesso ao grande mercado europeu, desde que haja maiores vantagens
que, certamente, virão com a interligação ferroviária do país com o resto da
Europa, com o chamado Corredor Atlântico, que unirá os portos de Leixões,
Lisboa e Sines (e também Aveiro e Setúbal), por meio da Espanha, aos portos de
Le Havre e Rouen, a Paris e a Mannheim, na Alemanha.
Essas maiores
facilidades de distribuição via férrea serão fundamentais para convencer o
exportador brasileiro de que Portugal, como primeiro país da Europa do lado
ocidental, é opção mais vantajosa que o Norte da Europa, onde o fluxo de
mercadorias é maior. Essas vantagens também se podem dar na área da importação.
Além disso, é
preciso aproveitar as facilidades do idioma em comum para que os dois países
desenvolvam um comércio bilateral forte, alcançando outros segmentos que não
aqueles que já são tradicionais. Essa tendência, de certo modo, já se
manifestou no ano passado, quando surgiram empresas e empresários brasileiros
interessados nos processos de privatização empreendidos pelo governo português.
É de
ressaltar o vultoso investimento que a Embraer vem fazendo em sua fábrica em
Évora, aproveitando que, hoje, em Portugal há excesso de mão de obra, com
muitos técnicos qualificados e engenheiros, e os custos para a fabricação de
peças são mais baixos que no Brasil, o que prenuncia que em breve poderá haver
aviões luso-brasileiros cortando os céus do planeta. Sem contar a forte
presença de empreiteiras da construção civil, que atuam também no mercado
africano há pelo menos duas décadas.
Para coroar
esse reavivamento das relações luso-brasileiras, há também o despertar da nova
classe média brasileira que vem procurando com avidez conhecer a terra dos seus
antepassados, como dão mostra os 15 vôos diários que a TAP Air Portugal mantêm
para várias cidades brasileiras. Por tudo isso, é de esperar que o
relacionamento comercial entre Brasil e Portugal cresça de maneira acelerada
nos próximos anos. Milton Lourenço -
Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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