Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 13 de julho de 2019

Macau – Associação dos Jovens Macaenses alerta para a necessidade de haver maior número de falantes de língua portuguesa

Criar condições para promover o aumento do número de falantes de Língua Portuguesa, a atribuição de subsídios para equipamentos sociais de fins não-lucrativos, incentivar a informatização da Justiça, a inserção de residentes na Grande Baía, bem como envidar esforços para garantir apoios aos jovens, nomeadamente na compra de habitação. Estas foram algumas sugestões apresentadas a Ho Iat Seng por várias associações de matriz portuguesa e chinesa em reuniões realizadas desde o início da semana



Desde que renunciou a todos os cargos que ocupava na Assembleia Legislativa e levantou o boletim de propositura, Ho Iat Seng tem andado num rodopio. O pré-candidato a Chefe do Executivo tem estado, desde o início da semana, em contacto com várias associações do território para recolher opiniões para o programa eleitoral que deverá apresentar a 10 de Agosto.

Ao início da noite de ontem, o candidato foi ouvir as preocupações e ideias da camada mais jovem, numa iniciativa organizada pela Federação dos Jovens de Macau.

Foram várias as sugestões da Associação dos Jovens Macaenses, presidida por Jorge Valente, tendo em mente a condição de Macau enquanto plataforma entre a China e os países lusófonos. Jorge Valente disse ao Jornal Tribuna de Macau que, em nome da Associação dos Jovens Macaenses, instou o candidato a Chefe do Executivo a facilitar a importação de mão-de-obra especializada daqueles países – desde médicos, arquitectos, gestores, marketing, entre outras. Isto porque, segundo salientou, embora a população da RAEM tenha duplicado, a mão-de-obra importada dos falantes de Português não acompanhou essa tendência na medida em que desceu.

Os jovens macaenses defenderam ainda a necessidade de mais medidas e projectos que possibilitem, a longo prazo, aumentar o universo de falantes de Língua Portuguesa na RAEM.

No encontro, Jorge Valente propôs ainda a criação de um departamento para ajudar o Chefe do Executivo, no qual fosse delegado um Comissário para os assuntos dos países de língua portuguesa.

Por outro lado, na quarta-feira, foi a vez da Santa Casa da Misericórdia (SCMM) ouvir, mas também opinar sobre o caminho que entende ser adequado para o território. Durante duas horas, o candidato ouviu o Provedor António José de Freitas e os Irmãos da instituição – 12 dos quais são também membros do colégio eleitoral, – tendo transmitido uma postura de profundo entendimento pela realidade do território, mas também pelas preocupações da Irmandade.

“Mostrou ser um candidato mesmo à altura, toda a gente entendeu isso. Conhece muito bem, e com profundidade, os problemas de Macau”, explicou o Provedor ao Jornal Tribuna de Macau.

Em termos de medidas concretas, trocaram-se impressões sobre “a atribuição de subsídios aos equipamentos sociais de fins não-lucrativos” e “apontámos alguns problemas com a contratação de pessoal especializado como é o caso de enfermeiros e de educadores de infância para a creche”, disse. “Tem sido muito difícil porque a concorrência com o Governo é forte, porque oferece muito melhores condições”, apontou. A Santa Casa abordou também o sistema de “atribuição de subsídios por parte da Fundação Macau que tem sido muito moroso”.

Confiante de que Ho Iat Seng “vai ser um bom Chefe do Executivo”, o Provedor acredita que a visita do candidato “veio reforçar a nossa confiança de que as coisas vão mudar para melhor, sobretudo na parte cultural e da história macaense”. “Ele falou bastante sobre esta parte e deu muita ênfase à história, e ao respeito pelas diferentes culturas. […] Deu dicas de que há espaço para melhorias”, salientou António José de Freitas.

Após a visita, Ho dirigiu-se à sede da Associação dos Advogados de Macau. Ao final da tarde, e depois de uma hora e meia de reunião, Jorge Neto Valente revelou ter abordado com o candidato – entre outros temas, a possibilidade de avançar com uma ambição antiga, a informatização da justiça apesar de alguns serviços estarem mais “avançados” a esse nível, como as conservatórias. Mas, há ainda “muitos poucos informatizados”, como os tribunais. “É um longo caminho a percorrer porque não temos essa experiência”, disse Jorge Neto Valente, citado pela Rádio Macau.

Por outro lado, “foram apontadas algumas necessidades ao nível da Administração Pública em geral, as dificuldades que há no relacionamento, a evolução nem sempre muito favorável que tem havido”, elencou o presidente da AAM. Neto Valente deu ainda conta de que foram sinalizadas outras “necessidades”, como a “de reformar algumas leis e a de se balançar os interesses entre os diversos sectores da sociedade”, mas sem especificar.

Para Jorge Neto Valente, foi “simpático” da parte de Ho Iat Seng querer recolher opiniões junto dos advogados. A expectativa é que “aproveite algumas ideias” para o programa político.

Além destes encontros, estão previstos outros com mais associações de matriz portuguesa, como a Casa de Portugal, Associação dos Macaenses e Associação Promotora da Instrução dos Macaenses. Note-se que o período de candidatura a Chefe do Executivo termina no dia 23. Ho Iat Seng precisa de recolher, no mínimo, 66 assinaturas junto dos membros do colégio eleitoral para formalizar a entrada na corrida.

Grande Baía, jovens e direitos laborais

Ao longo desta semana, o candidato tem estado a manter contactos e recolher sugestões de vários dirigentes associativos, como a Associação Comercial que pediu apoio para incentivar os residentes a se adaptarem na Grande Baía.

Dos membros da Federação das Associações dos Operários de Macau, Ho ouviu chamadas de atenção sobre a integração nas mesmas cidades defendendo melhorias na conexão entre as infraestruturas de Macau e as de outras cidades, deixando presente as garantias pelos direitos ligados ao investimento no exterior. Por outro lado, com os “Kaifong” foi salientada a importância de promover o fluxo de profissionais especializados.

Noutra perspectiva, a Associação Comercial apontou o dedo a diversos factores que têm dificultado o desenvolvimento do sector, como o atraso na elaboração de regimes jurídicos, a falta de colaboração entre diferentes departamentos e Secretarias do Governo e também de recursos humanos.

A associação partilhou com Ho Iat Seng o desejo de que o próximo líder da Administração de Macau se dedique a aperfeiçoar os mecanismos de importação de quadros.

Por sua vez, os representantes da FAOM colocaram ênfase nos direitos laborais, regime de despedimento de trabalhadores não residentes, formação de funcionários e espaços para a promoção profissional. No encontro, entenderam ser merecedoras de atenção vertentes como os jovens, a formação contínua e a aquisição de imóveis.

Ho Iat Seng ouviu ainda apelos dos “Kaifong” para incentivar a promoção e aceleramento das obras de prevenção de cheias, da remodelação de zonas antigas, renovação urbana, bem como o reforço na fiscalização do uso do erário público. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Sem comentários:

Enviar um comentário