Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Internacional - Língua e cultura cruciais para ligar “corações” de portugueses e chineses

Wang Suoying, antiga docente em Macau e actual presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, acredita que a visita que Xi Jinping está a realizar a Lisboa poderá incentivar o interesse dos portugueses pela aprendizagem da língua e cultura chinesas, algo que na sua perspectiva é fundamental para ligar os “corações” dos dois povos. Em entrevista à Tribuna de Macau, a propósito da visita oficial do Presidente chinês a Portugal, a académica sublinhou ainda que “uma China forte é um suporte firme para os compatriotas que vivem no estrangeiro”



Na qualidade de presidente da recém-criada Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, que tem sede na freguesia lisboeta do Areeiro e cujo objectivo é promover a compreensão e a amizade entre Portugal e a China, Wang Suoying encara com franco optimismo a visita de Estado que Xi Jinping está a realizar em Lisboa, nomeadamente pelo impacto que poderá ter ao nível do ensino das línguas dos dois países.

A docente, que trabalhou em Macau entre 1987 e 1990 (no Instituto Cultural e na Agência Xinhua), salientou que o interesse pela língua chinesa é hoje alimentado por factores distintos de outros tempos, quando muitas pessoas decidiam estudar Chinês simplesmente por curiosidade. “À medida que evoluiu a relação económica e comercial entre os dois países, cada vez mais jovens passaram a dedicar-se à aprendizagem da língua chinesa, para terem melhores oportunidades de emprego e um futuro mais brilhante”, destacou a académica em entrevista à Tribuna de Macau.

Nesse contexto, a Mestre em Linguística pela Universidade Nova de Lisboa manifestou o seu desejo e esperança de que esta visita oficial do Presidente Xi Jinping contribua para que mais portugueses sejam incentivados para a aprendizagem da língua e da cultura chinesa.

“Também espero que a visita encoraje mais chineses a aprender e conhecer Portugal em termos de língua e da cultura”, apontou Wang Suoying, ao defender que o conhecimento mútuo nessas duas vertentes é crucial para que os povos dos dois países possam manter os seus “corações ligados”.

Ao longo de vários anos, a docente bilingue e o seu marido, Lu Yanbin, têm-se dedicado sempre à promoção e divulgação da língua e cultura da China, bem como ajudado compatriotas que vivem em Portugal a aprender Português, por forma a facilitar a sua integração na sociedade portuguesa.

“Através dos contactos diários que tenho com os portugueses, sinto que tratam os chineses de uma forma muito simpática”, destacou a professora.

Por outro lado, graças à experiência de viver há quase três décadas em Portugal, Wang Suoying frisou ter testemunhado grandes avanços nos laços sino-lusófonos em todas as áreas, destacando o facto de, sobretudo nos últimos anos, cada vez mais empresas chinesas terem decidido investir em Portugal. Além disso, acrescentou, o número de turistas chineses que escolheram Portugal como destino de visita também registado um acréscimo significativo.

“Vou dar um exemplo muito simples: há quase 30 anos, nas ruas de Lisboa era quase impossível ver um chinês. Mas agora, em qualquer rua ou bairro, podemos encontrar sempre uma cara chinesa. Isso explica suficientemente que a China seja hoje efectivamente um país próspero que beneficia o seu povo”, realçou a académica.

Na mesma linha, Wang Suoying mostra-se convicta de que “uma China forte é um suporte firme para os compatriotas que vivem no estrangeiro”. “Acreditamos que a nossa pátria será cada vez mais forte e que a relação entre a China e Portugal também continuará a melhorar”, rematou a presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa.

Em Novembro, na apresentação da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, a professora destacou que a nova entidade pretende, acima de tudo, “promover a compreensão e a amizade” entre Portugal e China, países que em 2019 vão celebrar 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas. A associação quer promover “todas as formas de intercâmbio cultural, social, educacional e formativo e de solidariedade social entre Portugal e China”.

Natural de Xangai, Wang Suoying também integra o corpo docente do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro e tem sido responsável pelos cursos de Língua e Cultura Chinesa na Delegação Económica e Comercial de Macau e no Centro Científico e Cultural de Macau, bem como coordenadora do curso de Língua e Cultura Chinesa na Escola Superior de Medicina Chinesa Dr. Pedro Choy. Depois de ter sido condecorada pelo Governo de Macau em 1999, por mérito profissional, foi nomeada em 2013, pela televisão estatal CCTV, como uma das 20 personalidades que mais contribuem para a divulgação da cultura chinesa, tal como o seu marido.

Além do trabalho desenvolvido no ensino e da publicação de vários livros, o casal também criou, em 2009, o Coro Molihua, composto por alunos portugueses de Chinês.

Universidades lusas atraem cada vez mais alunos da China

Mais de mil estudantes chineses estavam inscritos nas instituições de ensino superior em Portugal no ano lectivo 2017-18, maioritariamente no sector público (994), de acordo com dados oficiais. Entre as instituições com mais de 100 alunos chineses inscritos no ano lectivo transacto, contam-se a Universidade de Lisboa (205), o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (169), a Universidade de Aveiro (151) e a Universidade Nova de Lisboa (125). No ano lectivo 2000-01, havia apenas 38 nas instituições de ensino superior em Portugal, número que cresceu continuamente desde então, excepto em 2006/07. Em 2016-17, ultrapassou-se pela primeira vez a barreira dos mil alunos (1.004), segundo dados facultados à agência Lusa pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, tendo por base os registos da Direcção Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) relativas aos estudantes de nacionalidade chinesa inscritos nas instituições de ensino superior nacionais. Enquanto os chineses procuram formação em Portugal, os portugueses procuram também aprender Mandarim, sendo que várias instituições dispõem de aulas e actividades. Por exemplo, no Instituto Politécnico de Leiria, que tem uma licenciatura em Tradução e Interpretação Português-Chinês/Chinês-Português, em parceria com instituições chinesas, os estudantes realizam o 2º ano em Pequim e o 3º em Macau. Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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