Muito
antes de surgirem os sinais luminosos e as regras de circulação, já D. Pedro II
se preocupava com os problemas de trânsito entre as carroças, os coches e as
liteiras. O rei mandou colocar 24 sinais de trânsito, mas apenas um sobreviveu
até aos dias de hoje
Na Rua do Salvador, em Alfama,
há uma placa numa parede que pode passar despercebida, mas que tem grande
importância histórica. A placa de mármore é considerada o sinal de trânsito
mais antigo de Lisboa (e talvez do mundo).
Trata-se de uma placa de
finais do século XVII, mandada colocar pelo Rei D. Pedro II, que diz o
seguinte: “Ano de 1686. Sua Majestade ordena que os coches, seges e liteiras
que vierem da Portaria do Salvador recuem para a mesma parte”. Ou seja, quem
viesse de cima perdia a prioridade em relação a quem subisse. Com a rua
estreita e numa época em que os conflitos acabavam muitas vezes em lutas e
duelos esta foi a forma encontrada para evitar disputas de trânsito.
A movimentação da cidade era
tanta que os problemas de trânsito multiplicavam-se, o que levou D. Pedro II a
mandar colocar um total de 24 sinais reguladores do trânsito em Lisboa,
nomeadamente em São Tomé, na Largo de Santa Luzia ou na Calçada de São Vicente.
No entanto, só esta placa chegou aos nossos dias.
Os problemas de trânsito eram
tantos, que a Coroa e o Senado criaram regras de trânsito - um equivalente ao
Código de Estrada - com penalidades bastante duras para aqueles que as
desrespeitassem. Os cocheiros, lacaios ou liteiros foram expressamente
proibidos de usar adagas, bordões ou qualquer arma que pudesse ser utilizada
numa discussão de trânsito.
Quem desobedecesse pagaria 2
mil cruzados de multa e corria o risco de ser exilado para o Brasil. Susana Ribeiro – Portugal in “Sapo
Viagens”
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