Singapura - Representantes
timorenses e das petrolíferas ConocoPhillips e Shell assinaram, em Singapura, o
documento final que concretiza a compra por Timor-Leste de uma participação
maioritária no consórcio do Greater Sunrise, no mar de Timor.
O documento foi assinado por
Xanana Gusmão, em nome de Timor-Leste, pelo presidente da ConocoPhillips
Australia, Chris Wilson, e pela vice-presidente da Shell Australia, Cecile
Wake, numa curta cerimónia num escritório de advogados, 24 horas depois de os 650
milhões de dólares (575 milhões de euros) do negócio serem transferidos para as
petrolíferas.
"Apesar de serem
negociações complexas, conduzidas num ambiente de respeito mútuo e cooperação,
conseguimos chegar a um acordo, primeiro com a Conoco e depois com a Shell para
comprar 56,56% dos campos de Sunrise", disse Xanana Gusmão na cerimónia.
"Hoje podemos dizer que
alcançámos os objetivos, conseguimos concluir os dois acordos, que beneficiam
não apenas os vendedores, mas Timor-Leste e os restantes parceiros no projeto
Sunrise", frisou o representante especial do Governo para os temas de
petróleo e gás.
A cerimónia foi essencialmente
simbólica, já que equipas das duas partes verificaram e assinaram os complexos
documentos do negócio na segunda-feira, transferindo depois os 350 milhões de
dólares para a Conoco e os 300 milhões para a Shell.
"Hoje completamos a
compra pelo Governo de Timor-Leste da participação de 30% da ConocoPhilips
Australia e dos 26,56% de participação da Shell Australia nos campos de Greater
Sunrise", lê-se na página assinada.
Segundo o documento, as
participações da ConocoPhilips Australia e da Shell Australia que foram
compradas incluem "a participação nos Contratos de Partilha de Produção
(PSC) 03-19 e 03-20 dentro da Zona Conjunta de Desenvolvimento Petrolífero
(JPDA) e as leases de retenção NT/RL2 e NT/RL4 emitidas pela Austrália".
Formalmente, a participação
foi adquirida pela petrolífera timorense Timor Gap, através de quatro
subsidiárias criadas especialmente para este negócio.
Com a concretização do
negócio, acordado no ano passado com as petrolíferas, Timor-Leste assume uma
participação maioritária de 56,6% no consórcio do projeto, que inclui ainda a
petrolífera australiana Woodside, como operadora, e a Osaka Gas.
Estes são acordos
"históricos", como recordou hoje Xanana Gusmão, e que agora abrem as
portas para o desenvolvimento dos campos petrolíferos e de gás natural.
"Agora começa um novo
período em que temos de encontrar a melhor solução para desenvolver o Sunrise
de forma benéfica para todos e que contribua para o desenvolvimento do nosso
povo e da nossa nação", disse.
O presidente da
ConocoPhillips, Chris Wilson, saudou a conclusão da operação, afirmando que,
apesar das diferenças de opinião sobre o modelo de negócio, as duas partes se
respeitaram.
"A Conoco e Timor-Leste
trabalharam juntos para tentar desenvolver Timor-Leste. Não estávamos alinhados
na estratégia de desenvolvimento. Mas repetíamos sempre a opinião um do
outro", disse.
"Respeitamos a escolha de
Timor sobre o conceito de desenvolvimento e Timor respeitou o nosso desejo de
fazer esta oferta de comprar a nossa participação", acrescentou, referindo
que a empresa vai continuar como operador no campo Bayu Undan e "continuar
a tentar maximizar os benefícios para Timor-Leste".
Esta foi também a postura da
vice-presidente da Shell Australia, Cecile Wake, que considerou que o dia era
"muito importante para Timor-Leste", mas deixava um ligeiro sabor
"amargo" à Shell, que esteve ligada ao projeto "desde as
primeiras perfurações em 1974".
"As amizades que se
formam em jornadas longas e difíceis podem ser as mais fortes e perduram no
tempo. [...] A amizade que fizemos com Timor-Leste e com parceiros do Sunrise
vão perdurar no tempo. Respeitamos as aspirações do povo de Timor-Leste e desejamos
todo o êxito no projeto", sublinhou.
Numa recente entrevista à
Lusa, o presidente e diretor executivo da Timor Gap, Francisco Monteiro, disse
que Timor-Leste quer evitar recorrer ao Fundo Petrolífero (FP) para financiar
os custos de capital (CAPEX) de até 12 mil milhões de dólares norte-americanos
(cerca de 11 mil milhões de euros) para o desenvolvimento do projeto do
gasoduto para Timor-Leste e processamento na costa sul.
Após o início da
produção, é esperado um retorno financeiro que pode alcançar os 28 mil milhões
de dólares (24,7 mil milhões de euros), explicou o responsável. In “Sapo
Timor-Leste” com “Lusa”
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