SÃO PAULO – Estudo preliminar
do Plano Mestre do Porto de Santos, preparado por técnicos da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com o Ministério dos Transportes,
Portos e Aviação Civil (MTPAC), explica em números aquilo que já se sabia há
muito tempo: se o complexo marítimo mantiver a média de crescimento anual de
2,1% – em 2017 foram movimentadas 129,6 milhões de toneladas –, em 2021 chegará
a 152 milhões. E, a se levar em conta o ritmo atual das obras de remodelação,
haverá um colapso nos acessos rodoviários ao porto, pelo menos em sua margem
direita.
Já na margem esquerda, no lado
do Guarujá, o esgotamento do acesso nas rodovias deverá ocorrer por volta de
2025. O estudo prevê que, nos próximos anos, a tendência é que as cargas
conteinerizadas ampliem sua participação na movimentação de 35% para 40%. As
operações com contêineres deverão crescer 4,27% entre 2017 e 2021, ou seja, de
3,8 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) movimentadas
em 2017, passarão para 4,2 milhões de TEUs em 2021 e 4,8 milhões em 2025.
Segundo o estudo, a atual capacidade do porto para atender à demanda
ser&aacu te; suficiente até 2045.
Já os granéis sólidos vegetais
deverão cair dos atuais 42% para 36% do total movimentado, a se levar em
consideração que a malha ferroviária será expandida na região Centro-Oeste,
facilitando o escoamento da produção agrícola para os portos do Arco Norte
(Itacoatiara AM, Santarém-PA, Vila do Conde-PA, Itaqui-MA, Salvador-BA e
Ilhéus-BA).
Seja como for, o que está
evidente é que há necessidade urgente de investimentos maciços no sistema
viário que leva ao cais santista, especialmente na rodovia Manoel Hipólito Rego
(Piaçaguera-Guarujá), na via Anchieta e na Domênico Rangoni, que deverão estar
saturadas a partir de 2025. Já para a rodovia dos Imigrantes e o Trecho Sul do
Rodoanel, o estudo prevê problemas maiores a partir de 2045, mas não se deve
esquecer que, por erro dos técnicos que projetaram a Imigrantes, não é
permitida a descida de caminhões nem de ônibus, em razão do seu declive muito
acentuado.
A saída para esse cenário de
caos passa, obviamente, pela ampliação da malha ferroviária, já que as cargas
que utilizam esse modal deverão ter o seu montante duplicado até 2040 e
quadruplicado até 2060. Alternativa concomitante é a utilização maior do modal
hidroviário, que começou a ser explorado só recentemente.
Tudo isso será possível se a
ampliação da utilização desses modais vier acompanhada por ações que estimulem
a execução de obras de infraestrutura e a adequação do canal de navegação para
que o porto tenha condições de receber navios de maiores dimensões, seguindo a
tendência mundial. Afinal, a construção de uma plataforma off shore (no mar) para receber supercargueiros não passou de um
sonho de verão. Milton Lourenço – Brasil
Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário