SÃO PAULO – Portugal está na moda. E
não só atrai os milhares de turistas de várias nacionalidades que lotam as ruas
e os cafés e restaurantes do Bairro Alto e de Belém em Lisboa, como também
investidores de todos os quadrantes do mundo. Desta vez, são os chineses que
descobriram bons negócios no setor de infraestrutura de Portugal, especialmente
portos, linhas ferroviárias e hospitais.
A exemplo do que ocorre em países
africanos de língua portuguesa, grupos chineses já estão entre os principais
investidores de Portugal, adquirindo participações em áreas como energia,
seguros, saúde e bancos. E o interesse chinês, nos últimos tempos, estende-se
também à infraestrutura portuária, deixando claro que esses grupos estão
dispostos a aplicar seus recursos na remodelação dos portos de Sines e Leixões,
entre outros motivos, pelo fato de que são portas de entrada mais factíveis em
razão do acesso geográfico e econômico para o Mercado Comum Europeu.
Nesse caso, a reduzida escala do
mercado português, que constitui um obstáculo para investimentos em outros
setores, não quer dizer nada, pois Portugal pode funcionar também como uma
plataforma para o investimento chinês na América do Sul e países de língua
portuguesa na África. Até porque Portugal tem uma extensa rede de tratados para
evitar dupla tributação com nações da América do Sul e América Central.
Levando em conta o que se passa em
Portugal, seria de bom alvitre que o Ministério dos Transportes, Portos e
Aviação Civil (MTPAC) convidasse esses grupos chineses – Cosco Shipping e Shanghai International Port Group (SIPG) – para
que venham a estudar a possibilidade de construir uma plataforma off shore (no mar) próxima ao porto de
Santos para receber os supercargueiros que hoje estão praticamente limitados a
linhas no Hemisfério Norte.
É de se lembrar que o grupo Cosco
controla, além de terminais na China, o porto de Piréus, na Grécia, o terminal
de contêineres de Zeebrugge, na Bélgica, e os principais terminais da Espanha.
E que, em 2020, será o maior operador mundial de contêineres. Já o SIPG,
controlado pelo Estado chinês, é o operador exclusivo do terminal de
contêineres de Xangai e tem como segundo
acionista o China Merchants Group e
terceiro, o Cosco Shipping. Hoje, o SIPG já investe no porto de Haifa, em
Israel.
Levando em consideração a capacidade
desses investidores, não haveria necessidade de se gastar mais recursos
públicos em obras de dragagem para aumentar de 15 para 16 metros a profundidade
do canal de navegação do porto de Santos, o que, até aqui, tem sido equivalente
ao trabalho de se encher um saco sem fundo, pois a sedimentação sempre volta. E
o cais santista continuaria a receber embarcações de 336 metros de comprimento,
48 metros de boca (largura) e capacidade para transporte de 14 mil TEUs
(unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), como tem feito até agora.
Aliás, com eficiência. Milton Lourenço -
Brasil
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Milton Lourenço é
presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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