A crise econômica levou ao
fechamento de 13,8 mil indústrias no Brasil em três anos. No mesmo período, os
investimentos no setor industrial sofreram uma queda de 23,85%. É o que aponta
a Pesquisa Industrial Anual Empresas (PIA-Empresas) divulgada nesta quinta-feira
(21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são
de 2016.
De acordo com o levantamento,
havia 321,2 mil indústrias ativas em 2016 no país, 4,1% a menos que em 2013,
antes da crise, quando o número de empresas do setor industrial era de 335 mil.
O fechamento das empresas foi mais acentuado entre 2014 e 2015, quando 10,5 mil
indústrias fecharam as portas. O IBGE destacou que as indústrias de
transformação representam quase a totalidade das empresas do setor - as extrativas
correspondem a cerca de 2% do total de indústrias.
Segundo o IBGE, os resultados
negativos do setor industrial a partir de 2014 têm relação com o cenário
macroeconômico do país no período.
Menos
investimento e emprego
Ainda segundo a pesquisa,
entre 2013 e 2016 os investimentos no setor industrial sofreram uma queda de
23,8%. Em valores reais (deflacionados a preços de 2016), em 2013 os
investimentos somaram R$ 244 bilhões, e em 2016 totalizaram R$ 185,9 bilhões.
Outra consequência do
fechamento das empresas foi a redução de 1,3 milhão no número de postos de
trabalho do setor industrial brasileiro. Em 2013, eram 9 milhões de empregados
na indústria e em 2016 o total de empregados era de 7,7 milhões - uma queda de
14,25%.
“Comparando com 2015, as
atividades que mais chamam atenção nessa questão da ocupação são: fabricação de
produtos de minerais não metálicos (cimento, vidro, concreto, entre outros),
fabricação de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis e a fabricação de
móveis”, disse o gerente da pesquisa, Jurandir Oliveira.
As indústrias brasileiras
venderam menos nesse período. A receita líquida de vendas sofreu queda de 6,5%
em 3 anos, passando de R$ 3 trilhões em 2013 para R$ 2,8 trilhões em 2016,
segundo o IBGE.
Vendas
da indústria
Segundo o IBGE, em 2016, as
atividades com as maiores participações nas vendas industriais foram: produtos
alimentícios (19,9%), produtos químicos (11,1%), coque, derivados do petróleo e
biocombustíveis (10,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (8,5%) e
metalurgia (6,2%).
O instituto destacou que, na
comparação com 2015, produtos alimentícios foi o setor que mais ganhou
participação nas vendas (17,4% para 19,9%). Já coque, produtos derivados do
petróleo e biocombustíveis foi a que mais perdeu (11,1% para 10,2%).
No mesmo período, desodorante
foi o produto que mais subiu no ranking da indústria - passou da 146ª para a
90ª colocação. Já massa de concreto para construção foi o que mais perdeu,
saindo da 36ª para 68ª posição.
Indústria
Naval
A derrocada do setor
petroleiro no Brasil durante a crise econômica fez com que a indústria naval
tivesse a maior retração dentro do setor industrial.
Em dois anos, entre 2014 e
2016, quase metade das vagas na construção de embarcações foram fechadas no
país. Neste período, o pessoal ocupado na área de caiu de 61.543 para 31.505,
uma queda de 49%.
No Rio de Janeiro, a redução
da mão de obra foi ainda maior no ramo naval: 74,2% dos postos de trabalho
foram fechados entre 2014 e 2016, conforme destacou o IBGE. O número de pessoas
ocupadas no setor caiu de 31.271 para 8.092.
O valor real bruto da produção
industrial no setor naval caiu 71%, entre 2014 e 2016, passando de R$ 6,8
bilhões para R$ 1,97 bilhões.
“A gente sabe que a indústria
naval teve o crescimento impulsionado, principalmente, pelas embarcações e
flutuantes para a indústria do petróleo. Quando vamos observar o nível de
investimento do petróleo e do refino, vemos uma queda bastante considerável de
2015 a 2016 e isso provavelmente se reflete nos novos contratos do setor naval.
Podemos relacionar isso à queda da mão de obra e no próprio valor bruto da
produção industrial”, explicou o gerente da pesquisa, Jurandir Oliveira. Daniel Silveira – Brasil in “G1
– Globo”
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