A tentativa de proteger uma
fronteira de três quilómetros que separa a parte investigada nas ruínas de
Pompeia e a outra ainda intacta e inóspita do local, alvo de frequentes
deslizamentos, levaram a novas descobertas nas últimas semanas, de acordo com o
director do parque arqueológico. Os trabalhos na “frente de escavação”
começaram em Novembro do ano passado e, embora nos primeiros meses não tenha
surgido qualquer novidade, agora durante a aplanação do terreno, “está a ser
revelado um mundo novo”, explicou Massimo Osanna à agência EFE.
A área não explorada de
Pompeia corresponde a um terço de todo o sítio, descoberto em 1748. No total,
são 22 hectares cobertos pelas cinzas solidificadas do vulcão que destruiu a
vida da então próspera cidade às margens do Golfo de Nápoles.
“Entre este material
piroplástico vão continuar a sair mais descobertas nas próximas semanas”,
antecipou Osanna.
Um dos últimos e
surpreendentes achados é o esqueleto de um homem atingido por uma enorme pedra
quando tentava salvar a vida nos dramáticos momentos que deve ter vivido
durante a erupção, que também arrasou Herculano, Oplontis e Estábia. As
primeiras análises identificam-no como um indivíduo de mais de 30 anos, com
problemas numa perna, o que terá impedido a sua fuga, pelo que acabou por
morrer no beco das Bodas de Prata, onde foi localizado quase dois milénios
depois.
Presume-se que fugia com a
esperança de se salvar, pois sob o esqueleto foi encontrado um pequeno saco com
20 moedas de prata, seguramente denários, e dois ases de bronze, que
permitiriam a uma família de três membros viver meio mês, segundo estimaram os
especialistas.
Até agora, foram examinadas
pelo menos 15 moedas de cronologia variada, na sua maioria do período
republicano, sendo a mais antiga uma moeda de prata legionária de Marco
António. No botim havia poucas moedas da era imperial, destacando-se entre
essas uma provável moeda de prata de Otávio Augusto e duas de Vespasiano.
Susceptíveis de permitir
recriar a vida na cidade e o caos que a sepultou, estes fascinantes achados são
apenas uma pequena parte de tudo o que se espera. Ossana prevê encontrar novas
cantinas, casas com pinturas originais e inclusive inscrições eleitorais.
Se no passado não se
documentaram correctamente as escavações, os novos exames no sítio arqueológico
são realizados com as técnicas mais avançadas e todo o cuidado. “Há uma nova
Pompeia”, assegurou o director-geral.
O sítio tem um passado recente
marcado pela decadência e deslizamentos, mas que parece já ter superado graças
ao “Grande Projecto Pompeia”, aprovado em 2012 e dotado de 100 milhões de euros
da União Europeia, montante que poderia ser perdido se não fosse usado.
Em 2014, quando assumiu a
direcção do sítio, Osanna decidiu impulsionar a licitação de obras de restauro
e adequação das pedreiras. “Este projecto está quase completo e transformou
totalmente Pompeia”, possibilitando reabrir áreas fechadas desde o terramoto de
1980, destacou o director.
Mas a busca de maravilhas não
é só do interesse dos arqueólogos, pois há muito tempo que os criminosos também
procuram tesouros nas ruínas soterradas que estão em propriedades privadas fora
do sítio arqueológico. Trata-se de “escavações ilegais” que, apesar de tudo,
levaram recentemente à recuperação do decalque de gesso de um cavalo enfeitado,
além de utensílios de cozinha e uma cama.
Disposto a combater estes
depredadores que podem provocar um prejuízo irreparável, Osanna conta com a
cooperação das forças da ordem para os perseguir.
In “Jornal Tribuna de
Macau” - Macau
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