SÃO PAULO – Quem acompanha o dia a
dia do comércio exterior sabe que ocorre a nível mundial uma intensa
concentração no mercado de transporte marítimo, deflagrada por uma nova onda de
fusões e aquisições de uma empresa por outra, o que se tem dado especialmente
entre as grandes armadoras que transportam contêineres.
Segundo dados da empresa de
consultoria inglesa Drewry, a fusão entre K-Line, MOL e NYK, que resultou na
nova Ocean Network Express (ONE), colocará este grupo em quinto lugar no ranking mundial de empresas
transportadoras de contêineres, com capacidade para 1,7 milhão de TEUs (unidade
equivalente a um contêiner de 20 pés), à frente da Hapag-Lloyd, que se fundiu
com a UASC, com 1,6 milhão de TEUs, e da Evergreen, com 1,3 milhão.
Embora a CMA CGM tenha adquirido a
Mercosul Line, subsidiária brasileira da Maersk, esta armadora continua
dominando o mercado, com 4,2 milhões de TEUS (ou 18,4% do total), seguida pela
MSC, com 3,1 milhões de TEUs ( 13,5%). A CMA CGM, que vem expandindo seus
negócios na América do Sul, ocupa a terceira colocação, com 2,4 milhões de TEUS
(10,4% do mercado). A compra da Mercosul Line representou a décima segunda aquisição
pela armadora desde 1996, quando a CMA
comprou a estatal francesa CGM.
É de se lembrar que essas três
armadoras, em 2005, detinham 26% do mercado global, mas hoje já controlam 42%.
Em quarto lugar, está a chinesa CoscoCS, que se fundiu com a CSCL, com 1,8
milhão de TEUs. Ressalte-se ainda que a Maersk comprou a Mercosul Line há uma
década, mas teve de deixá-la como concessão, negociando-a com a CMA CGM, para
seguir com seus planos de adquirir a Hamburg Sud, que é líder no Norte da
Europa e na América Latina e opera a armadora brasileira Aliança, líder no
setor de cabotagem no Brasil e no continente sul-americano. Hamburg Sud e
Aliança são responsáveis por 80% do serviço de cabotagem brasileiro, à frente
da Log-In Logística.
Em resumo: as 25 maiores operadoras
de carga em contêineres do mundo (incluindo subsidiárias, afiliadas e
coligadas) controlam mais de 65% de todos os navios porta-contêineres
disponíveis para uso em serviços comerciais. Desde já, o setor alega que esse é
um preço a pagar, já que os seus clientes teriam se favorecido durante anos de
fretes desvalorizados. Essa seria a razão pela qual as grandes companhias de
navegação teriam buscado saída nas fusões e incorporações de concorrentes.
Em função dessa concentração que só
cresce, é provável que haja neste segundo semestre de 2017 um melhor desempenho
dessas empresas de navegação, mas não é preciso ser especialista para concluir
que uma das consequências desse fenômeno é que haverá menores opções para os
exportadores/importadores na hora de reservar espaços nos navios. E, com
certeza, maiores custos, diante da falta de concorrência mais acirrada. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é
presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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