Em Portugal, as queixas e as manifestações
negativas relativas aos transportes públicos já se tornaram num hábito. Na
verdade já nem se pode apontar uma época mais crítica: seja Inverno, seja
Verão, seja dia, seja noite, a rede de transportes públicos portuguesa
apresenta inegáveis falhas e contingências, que são certamente uma das fontes
para divergência entre Portugal e outros países europeus, nomeadamente nórdicos
e da Europa Central.
Num cenário de crise, quando
mais precisos são, os transportes públicos transparecem um cenário cada vez
mais degradável e decadente. Um serviço, ainda assim, extremamente dispendioso,
oferece aos seus utentes: greves mensais, atrasos, péssima coordenação e uma
limpeza incrível (ou melhor falta dela). E como agravante, este é um dos
sectores que apresenta um dos maiores buracos financeiros nas contas do Estado.
Isto leva a que os portugueses deem preferência a viaturas particulares,
gerando naturais consequências (negativas, sublinhe-se) na economia, no
ambiente e na sociedade.
Devemos tentar agora perceber
“Como será que funciona noutros países?” Extraordinariamente, cheguei
há pouco tempo a essa conclusão! O serviço austríaco, por exemplo, foi um dos
mais eficientes e organizados que conheci até hoje: uma articulação
praticamente perfeita entre todos os meios de transportes, o que perfaz tempos
de espera praticamente nulos; extremamente limpos – parece até que são
encerados todas as manhãs; e frequentados por indivíduos civilizados e
respeitadores (de tal modo, que nem há torniquetes). E por tais condições
devíamos esperar um preço astronómico, principalmente tendo em conta que
estamos a falar da Áustria (considerado um país de elevado custo de vida). Mas não,
de todo! Por um passe de cinco meses, abrangendo grande parte da rede de
transportes, para um estudante tem um custo de 75 €. Num país onde os
transportes públicos são altamente competitivos, é raro o cidadão que recorre
ao automóvel para se deslocar.
De facto, as diferenças são
significativas e bem visíveis, e podem explicar as diferenças de crescimento e
desenvolvimentos entre os dois países. As evidentes limitações das
infraestruturas e logística da rede de transportes portuguesa, a que acresce a
emergência de consideráveis externalidades ambientais, reforçam a necessidade
extrema de uma reformulação do sistema de transportes públicos. Luísa Gaspar - Portugal
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