O Parque Natural Regional do
Vale do Tua começou, em fevereiro, a colocar caixas-abrigo em terrenos
agrícolas e, menos de meio ano depois, os técnicos constatam que “a taxa de
ocupação é de 58%, quando o que seria previsível era uma taxa de ocupação de 10%”,
de acordo com os dados divulgados.
O objetivo deste projeto é
criar condições para a presença dos morcegos em terrenos agrícolas na área do
parque, tendo em conta que estes pequenos predadores ajudam no combate a
pargas, como insetos, o que torna desnecessário o uso de pesticidas e outros
químicos para defender as culturas agrícolas.
“No seguimento da última ronda
de monitorização, nos dias 19 e 20 de julho, determinou-se ser de 36 o número
de caixas ocupadas, com mais 22 caixas com indícios de uso frequente, levando o
número total de abrigos em utilização para 58, das 100 colocadas”, constatou
Pedro Leote, o biólogo que acompanha o projeto.
Ao todo, foram espalhadas pelo
parque uma centena de caixas e a taxa de utilização “revelou-se cinco vezes
superior ao que seria de esperar”, já que, “por regra, de acordo com outros
projetos já implementados, a taxa de ocupação na primeira temporada ronda os
10%”.
Segundo os resultados da
última monitorização, “36 das caixas-abrigos tinham, na hora da visita do
técnico, morcegos no seu interior e nas restantes 22 caixas o biólogo encontrou
guano (fezes de morcego) em quantidade, que indica a ocupação do espaço”.
Os responsáveis consideram
“estes primeiros resultados animadores” e adiantam que “podem determinar o
alargamento do projeto”.
As pragas agrícolas são uma
ameaça frequente, que podem dizimar produções com consequente quebra de
rendimento.
A solução encontrada pelo
Parque do Tua “passa pela intensificação da presença de algumas espécies de
morcegos, predadores naturais, que consomem grandes quantidades de presas,
maioritariamente insetos”.
Os abrigos para os predadores
foram colocados com “o intuito de aumentar o número de colónias de morcegos nos
sistemas agrícolas e florestais, de maior relevância na área do parque,
concretamente, as vinhas, os olivais e as florestas de sobreiro”.
A partir de setembro o técnico
responsável pelo projeto vai dar início à realização das primeiras análises
laboratoriais para avaliar, entre outras coisas, quais as espécies de morcegos
que apresentam melhores resultados no combate às pragas.
Os responsáveis acreditam que
“este projeto poderá constituir um excelente exemplo onde a investigação
científica está ao serviço do desenvolvimento sustentável, esperando deste modo
que o modelo de gestão do parque se possa disseminar ao nível regional e
nacional”.
A coordenação é feita pelo
Parque Natural Regional do Vale do Tua com a colaboração de um biólogo a tempo
inteiro e o apoio especializado do Centro de Investigação em Biodiversidade da
Universidade do Porto. In “24Sapo” - Portugal
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