O movimento de carga registado
nos portos do continente nos primeiros nove meses de 2016 continua a confirmar o
comportamento do sistema portuário que vem sendo referido desde junho último.
Ao ultrapassar em +2,5 milhões de toneladas (+3,7%) o volume observado no
período janeiro-setembro de 2015 atinge um total de 69,6 milhões de toneladas,
que constitui o valor mais elevado de sempre dos períodos homólogos, por efeito
do crescimento do porto de Sines, que, com um apoio simbólico da Figueira da
Foz, anula as quebras registadas nos outros portos.
Com efeito, o aumento de 4,6
milhões de toneladas do porto de Sines, que corresponde a +13,9%, absorveu a diminuição
de -2,1 milhões de toneladas dos restantes portos, com exceção da Figueira da
Foz (que cresce +1,2%, equivalente a 18,4 mil toneladas), distribuída de forma
desigual entre -1,1% registada no porto de Leixões e -13,2% em Viana do
Castelo, passando por -9,6% em Aveiro, -2,7% em Setúbal, -15,1% em Lisboa e
-44,6% em Faro.
Sublinha-se que o
comportamento dos portos de Sines e de Leixões é parcialmente explicado pela
circunstância de o Terminal Oceânico de Leixões estar totalmente paralisado
desde março para manutenção em estaleiro da monoboia, facto que induz variações
de sinais contrários nestes dois portos, uma vez que os navios de grande dimensão
transportadores de Petróleo Bruto são impedidos de descarregar esta matéria
prima fóssil diretamente neste porto, o que levou a que tivessem passado por
Sines cerca de 1,7 milhões de toneladas posteriormente embarcadas para Leixões.
Esta situação explica em parte o acréscimo do movimento de Petróleo Bruto em
Sines da ordem dos +48,6% (+3,4 milhões de toneladas) e a diminuição em Leixões
de cerca de -9,5% (-0,3 milhões de toneladas).
Recorda-se que o porto de Faro
está temporariamente sem qualquer movimento de carga (pelo facto de a Cimpor, sua
única utente, ter decidido interromper a atividade do Centro de Produção de
Loulé, em resposta à contração do mercado da construção e a suspensão da
importação de clínquer e cimento por parte da Argélia), justificando a quebra
de movimentação de -44,6% registada e que se perspetiva que se continuará a
agravar até ao final do ano.
Decorrente do comportamento
referido constata-se que o porto de Sines reforça, ainda que ligeiramente, a posição
de líder passando a representar 54,4% do total, seguido por Leixões com uma
quota de 19,6% (+0,1 pp) do total, de Lisboa que representa 10,6% (+0,2 pp) e
de Setúbal que reduz o seu peso em -0,2 pp para 8%.
O movimento de contentores
registado nos portos do continente no período janeiro-setembro de 2016
totalizou 1,97 milhões de TEU, valor que reflete um acréscimo de +0,3% face ao
mesmo período de 2015, invertendo a quebra de -1,3% registada no acumulado do
mês anterior.
Este comportamento no mercado
de contentores, medido em TEU, resulta da conjugação das variações positivas de
+4,4% em Sines, +7% no porto de Leixões, +11% na Figueira da Foz e +38,7% em
Setúbal, com a quebra de -28,5% observada no porto de Lisboa (recuperando da
quebra de -30,9% apurada no acumulado do mês anterior).
Neste segmento de mercado o
porto de Sines mantém a posição de líder com uma quota de 54,1% do total de TEU
movimentados, seguido de Leixões com 25,3%, Lisboa com 13,7% e Setúbal com
6,1%.
O movimento de contentores em
Sines é fortemente influenciado pelo tráfego de transhipment que no período em
apreço atingiu cerca de 842 mil TEU, volume que representa cerca de 78,9% do
total movimentado no porto e que corresponde a um acréscimo de +3,3%
comparativamente ao observado no período homólogo de 2015. Destaca-se que o
comportamento deste indicador reflete um abrandamento do crescimento deste
tráfego desde 2013, com variações sucessivas de +100,3%, +34,6% e +11,7% face
ao ano imediatamente anterior.
No período janeiro-setembro de
2016 os portos comerciais do continente registaram 8098 escalas de navios das diversas
tipologias, incluindo os navios de cruzeiro, que representaram uma arqueação
bruta (GT) global superior de 148 milhões, refletindo uma quebra de -0,9% e um
acréscimo de +4,1%, respetivamente, face ao período homólogo de 2015. A
diminuição do número de escalas no conjunto dos portos comerciais resultou
principalmente da quebra registada no porto de Lisboa, de -338 escalas,
correspondente a -16,9%, apoiada pelas variações negativas de Aveiro, -4,9%,
Faro, -48,3%, e Portimão, -28,6%, que anularam as variações positivas
registadas em Viana do Castelo (+6,8%), Douro e Leixões (+0,2%), Figueira da
Foz (+3,2%), Setúbal (+9,5%) e Sines (+13,7%, que determina o número mais
elevado de sempre nos períodos homólogos). O volume global de arqueação bruta
dos navios que escalaram os portos nacionais mantém o valor mais elevado de
sempre nos períodos homólogos, por efeito do comportamento dos portos de Aveiro
e Sines, com variações de +1,7% e +19,7%, respetivamente. Também Setúbal
regista uma variação positiva, de +7,6%, sendo, no entanto, em termos de GT,
ultrapassado pelo registo verificado no ano 2000. Os restantes registaram
quebras no volume total de GT, merecendo destaque o porto de Lisboa, com
-15,3%, e Leixões, com -4,4%.
A quota mais elevada do número
de escalas cabe ainda aos portos de Douro e Leixões, que representam 25,4% do total,
seguidos de Sines com 22,7%, de Lisboa com 20,5% e Setúbal com 14,6%.
O comportamento dos mercados
das cargas movimentadas nos portos comerciais do continente regista várias assimetrias,
com variações positivas de +4,3% na classe de Carga Geral e de +8,9% nos
Granéis Líquidos e uma variação negativa de -5,9% na classe dos Granéis
Sólidos.
As tipologias de cargas que
mais contribuíram para o comportamento foram a Carga Contentorizada e o
Petróleo Bruto, respetivamente, com acréscimos de +9,2% e de +30,6%, devendo-se
a quebra nos Granéis Sólidos essencialmente à diminuição do movimento de
Carvão, cujo volume diminuiu para -13,4% (devido à quebra de produção de
energia pelas centrais termoelétricas por efeito do acentuado aumento da sua
produção hídrica e eólica) e dos Outros Granéis Sólidos, que registaram uma
quebra de -4,1%.
Importa sublinhar, pela
importância que traduzem para a economia em geral e exportações em particular,
o comportamento dos mercados da Carga Fracionada e dos Produtos Petrolíferos, que
registaram quebras de -15,7% e -7,2%, respetivamente.
A carga embarcada, que inclui
a carga de exportação, quase atingiu 29,4 milhões de toneladas e ultrapassou em
+2% o registo efetuado no período homólogo de 2015. Este volume, que constitui
o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, resulta das circunstâncias
referidas, que se prendem com a realização de operações de carga excecional de
Petróleo Bruto, nomeadamente de Sines para Leixões, para colmatar a quebra da operacionalidade
do Terminal Oceânico deste último porto.
No movimento portuário
relativo às operações de embarque de carga, verificou-se, quando comparado com
o período homólogo de 2015, uma variação positiva na classe dos Granéis
Líquidos em +13%, uma manutenção na Carga Geral e uma redução de -14% nos
Granéis Sólidos.
Na base da variação dos
Granéis Líquidos está o acréscimo verificado no embarque de Petróleo Bruto, de
+1,7 milhões de toneladas comparativamente ao nulo observado no período homólogo
de 2015, que anulou a quebra verificada nos Produtos Petrolíferos e nos Outros
Granéis Líquidos, de -8% e -6,7%, respetivamente.
No grupo da Carga Geral, com
uma movimentação similar ao do período correspondente do ano anterior, conforme
mencionado, observou-se um comportamento diferenciado entre as suas
componentes, com o mercado da Carga Contentorizada a crescer +7% e que absorveu
as quebras registadas nas restantes componentes, ou seja, -19,2% nos embarques
de Carga Fracionada e -6,2% nos embarques da carga Ro-Ro.
O comportamento dos Granéis
Sólidos nas operações de embarque resulta fundamentalmente da quebra de -14,2%
dos Outros Granéis Sólidos, que representa cerca de 80% do total.
Sublinha-se o facto de apenas
o porto de Sines ter contrariado o registo de variações negativas no volume da
carga embarcada no período janeiro-setembro de 2016 face ao período homólogo de
2015, registando um acréscimo de +21,6%. Nos restantes portos o volume de carga
embarcada observou um recuo face a 2015, sendo de relevar as quebras
verificadas em Viana do Castelo, de -5,8%, Leixões, de -3,7%, em Aveiro, de
-33%, na Figueira da Foz, de -3,9%, em Lisboa, de -24%, em Setúbal, de -10,4% e
em Faro, de -44,6%.
O volume da carga desembarcada
atingiu cerca de 40,2 milhões de toneladas, ultrapassando em 5% o valor registado
no período homólogo de 2015 e constituindo, também, o valor mais elevado de
sempre, por reflexo de idêntica situação observada nos desembarques da Carga
Contentorizada, Petróleo Bruto e ainda no Ro-Ro, embora numa dimensão meramente
residual.
Este comportamento resulta da
conjunção das variações positivas observadas nas classes de Carga Geral e de Granéis
Líquidos, de +10,9% e +6,8%, respetivamente, e da variação negativa de -3,3% da
classe dos Granéis Sólidos. Estas variações a nível das classes de carga, são
determinadas pelo volume dos ‘desembarques’ registados, respetivamente, na
Carga Contentorizada, de +12,2%, no Petróleo Bruto, de +14% e no Carvão, de
-14,3%, embora contrariados pelas quebras de -4,1% no desembarque de Carga
Fracionada e de -6% nos Produtos Petrolíferos e pelos acréscimos verificados
nos Produtos Agrícolas, de +7,2%, e nos Outros Granéis Sólidos, de +6,7%.
No tocante ao volume de carga
desembarcada o comportamento dos portos foi bastante distinto, destacando-se as
variações positivas de Leixões (+0,7%), Aveiro (+14,9%), Figueira da Foz (+11,5%),
Setúbal (+10,9%) e Sines (+9%) e negativas em Lisboa (-9,1%) e Viana do Castelo
(-33,3%).
Os portos que registaram
um volume de carga embarcada superior ao volume de carga desembarcada, apresentando
um perfil de porto ’exportador’, continuam a ser Viana do Castelo, Figueira da
Foz, Setúbal e Faro (agora com atividade suspensa), cujos ratios de carga
embarcada sobre total apresentam os valores 79,4%, 63,5%, 59% e 100%,
respetivamente, embora com dimensões de volume muito distintas. Autoridade da Mobilidade e dos Transportes
- Portugal
Poderá aceder a mais informação aqui.
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