SÃO PAULO – Quem vive o dia-a-dia do
comércio exterior sabe que o sistema comercial internacional se tornou, nos
últimos anos, mais diverso e complexo. Além de Estados Unidos e China, há
outros protagonistas de grande relevo, como a União Europeia (mesmo com a saída
da Grã-Bretanha), o Japão e os demais países asiáticos. Por isso, é fundamental
que o Mercosul tenha estratégias precisas para traçar um novo paradigma de
relacionamento, que leve em consideração especialmente as necessidades
comerciais, em vez das condutas equivocadas que levavam em conta aspectos
ideológicos, como as que marcaram os últimos governos do Brasil e Argentina e
que conduziram as duas nações a um isolamento comercial que se mostrou prejudicial
aos interesses nacionais.
Para tanto, é preciso que o Mercosul,
com Brasil e Argentina à frente, saiba como utilizar todo tipo de acordos
regionais ou inter-regionais, globais ou mesmo bilaterais, desde que não
contrariem as diretrizes do Tratado de Assunção, a partir da ampliação dos
Acordos de Complementação Econômica (ACE) com os países da Associação
Latino-Americana de Integração (Aladi). Isso significa também alcançar uma
relação comercial e de investimentos mais intensa com Estados Unidos, União
Europeia e China, estabelecendo-se uma aliança inteligente com o mercado
internacional
Por isso, são bem-vindas as notícias
que dão conta de perspectivas promissoras para um acordo entre Mercosul e União
Europeia, a partir de um apoio mais enfático da Espanha, que, hoje, exporta
para Portugal quase três vezes mais do que para todo o Mercosul e demonstra
total interesse em reverter esse quadro.
Em contrapartida, é preciso superar a má-vontade
que vem sendo mostrada pelo governo da França, sempre preocupado em preservar
os altos benefícios de que desfruta o seu setor agrícola. Seja como for, está
claro que se vive na América Latina um novo momento não apenas político, mas
também empresarial, que haverá de facilitar a assinatura de vários acordos.
É de se ressaltar que houve intensa
negociação entre União Europeia e Mercosul de 1999 a 2004 pela assinatura de um
acordo amplo, ainda que não fosse o de livre-comércio, mas que ficou paralisada
nos anos seguintes devido às resistências argentinas e do setor agrícola
europeu, em meio à diplomacia errática que marcou os três últimos governos
brasileiros. A esperança é que até o final de 2017, finalmente, saia do papel o
tão aguardado acordo Mercosul-União Europeia. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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