Construir coletivamente a
unidade em torno de um programa democrático para as eleições de 2018. Esse é o
objetivo que milhares de pessoas reunidas no movimento “Quero prévias”
apresentarão publicamente hoje, terça-feira, dia 8 de novembro de 2016.
A ideia é reunir partidos,
movimentos, coletivos e as mais diversas organizações da sociedade civil, ao
longo de 2017, num grande debate público que não apenas formule um programa,
mas que também possa indicar um ou mais nomes com legitimidade social para
enfrentar as eleições presidenciais de 2018.
Afinal de contas, de nada
adianta um excelente programa sem um candidato que o vocalize, ou um ótimo
candidato sem um programa que o sustente.
De acordo com as próprias
palavras do “Quero prévias”, “o objetivo é contribuir com a reorganização das
forças comprometidas com a democracia e a garantia de direitos, e assegurar a
construção de um programa de governo que dispute as eleições presidenciais de
2018 e apoie o surgimento de novas lideranças nos processos eleitorais
estaduais e municipais”.
O pressuposto é o de que o
programa e o candidato escolhido nessas prévias terão uma sustentação social
muito maior do que se a decisão tivesse sido tomada apenas por um conjunto de
burocracias partidárias.
Contudo, sua importância vai
além disso. Mais do que qualificar a própria escolha dos candidatos e
programas, as prévias podem aproximar a sociedade dos partidos políticos,
fortalecendo-os. E não é justamente isso o que mais precisamos?
Esse movimento vem sendo estimulado
por muitas figuras públicas, como a economista Laura Carvalho, a ativista do
Meu Rio, Alessandra Orofino e o cientista político Marcos Nobre, dentre tantos
outros.
Há ali uma clara identificação
com o que vem ocorrendo na Espanha com o Podemos, por exemplo. Isso fica nítido
quando observamos a fuga de rótulos como “esquerda” ou “progressista”.
Como diz Pablo Iglesias, líder
do Podemos, “nossa organização não é de esquerda, nem de direita, mas sim de
baixo”. Essa é a mesma lógica que move o Occupy Wall Street com sua palavra de
ordem “nós somos os 99%”. O “Quero Prévias” provavelmente se sentiria bem com
essa formulação.
Ademais, um bom conteúdo
define melhor que muitos rótulos. Diga-se de passagem, não é pouca coisa falar
em ideias-força como democracia, igualdade e direitos nos dias de hoje no
Brasil. Tudo isso já exprime muito bem o lugar de fala desse movimento.
Em tempos de criminalização da
política e de engessamento de formas e estruturas, um movimento que pretende
abrir as portas dos partidos para a participação social já nasce vitorioso.
Que venham as prévias!
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Theo
Rodrigues é sociólogo, cientista político e coordenador do Centro de
Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé no Rio de Janeiro
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