O comboio de carvão regressou à
linha férrea de Sena, transportando carvão mineral extraído nos campos de
produção de Moatize, na província de Tete, para exportação a partir do Porto da
Beira, em Sofala.
Após cerca de seis meses de
completa paralisação devido à tensão político-militar, uma composição-tipo
formada por quatro locomotivas e 84 vagões carregados do minério pertencente à
companhia brasileira Vale chegou a meio da manhã de ontem ao Terminal de Carvão
do Porto da Beira, sinalizando o retorno à exploração de uma rota estratégica
para os negócios da Empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM,
E.P.).
Antes da paralisação do
transporte de carvão, a linha férrea de Sena chegou a conhecer um tráfego
intenso, com uma média diária de 22 comboios em ambos sentidos, transportando
desde carvão mineral da Vale, passando por carga dos CFM e passageiros das
várias comunidades servidas pela via.
Segundo dados apurados pelo
“Notícias”, o reatamento da circulação de comboios na linha de Sena segue-se a
um entendimento entre os CFM e a Vale, com a primeira agora a assumir os
encargos com a segurança da composição e respectiva carga.
Ainda este ano foi concluído
um projecto de reabilitação e ampliação que conferiu à linha de Sena uma
capacidade de carga fixada em 20 milhões de toneladas de carga por ano, contra
os anteriores 6,5 milhões de toneladas.
Com a reabilitação passaram
para a história os sistemáticos episódios de descarrilamento, que resultavam em
danos avultados, tanto para os CFM, como para os donos das mercadorias.
As obras de reabilitação e
ampliação, orçadas em 163 milhões de dólares, foram executadas pelo consórcio
português Mota-Engil & Edvisa e consistiram no aumento das linhas de cruzamento
de 750 para 1500 metros em todas as 40 estações e apeadeiros, de modo a
permitir a circulação de comboios-tipo com até 100 vagões puxados por seis
locomotivas.
A restauração física da Linha
de Sena também contemplou a reabilitação de todas estações e a construção de
uma, em Cateme, bem como a abertura de apeadeiros nos locais de maior
aglomerado populacional em toda a extensão para dar resposta ao pedido das
comunidades que sempre manifestaram o interesse de ver a circulação do comboio
trazer ganhos para a população.
A recente recuperação do preço
do carvão de coque, de 80 para 160, e do térmico de 50 para 72 dólares
norte-americanos a tonelada renova as expectativas dos operadores numa
exploração rentável daquele recurso na bacia sedimentar do Zambeze, localizada
em Tete.
Até 2011 o preço de uma
tonelada de carvão de coque custava 296 dólares no mercado internacional,
enquanto o térmico era vendido a 121 dólares em finais de 2015, uma queda que
afectou a produção e consequentemente as exportações. Esta situação teve
igualmente impacto na redução da força de trabalho e no desempenho da economia
da província de Tete. In “Jornal de Notícias” - Moçambique
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