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CPLP tem demonstrado cada vez mais interesse no comércio internacional e as
iniciativas regionais de comércio podem gerar muitos benefícios para os países
do bloco porque os acordos globais trazem maiores ganhos, disse ontem o
director-geral da OMC
"Vejo que a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa [CPLP] tem demonstrado cada vez mais interesse
em temas comerciais, e isso é positivo", disse Roberto Azevêdo, em
entrevista à Lusa, por e-mail.
Para o director-geral da
Organização Mundial do Comércio (OMC) "o comércio internacional tem uma
capacidade extraordinária de gerar oportunidades em diferentes partes do mundo,
de ajudar no combate à pobreza, e na promoção do desenvolvimento. Iniciativas comerciais
de carácter regional também podem ajudar a promover esses benefícios".
"Mas é importante ter em
mente que acordos globais trazem maiores ganhos - e isso traz o foco para as
negociações que ocorrem na OMC", avaliou.
Roberto Azevêdo - engenheiro
eléctrico e diplomata brasileiro com larga experiência na área do comércio
internacional foi indicado em 2008 como representante permanente do Brasil na
OMC e em outras organizações económicas em Genebra - foi eleito em maio de 2013
para o cargo de director-geral desta agência da ONU.
"Recentemente tivemos
importantes conquistas. Em 2013, negociamos o Acordo de Facilitação do
Comércio. Uma vez implementado, esse acordo vai gerar uma redução de 14,5% em
média nos custos comerciais, o que pode alavancar as exportações dos países em
desenvolvimento em cerca de 730 mil milhões de dólares (658,1 mil milhões de
euros) por ano", disse Azevêdo.
O Acordo de Facilitação do
Comércio, negociado na IX Conferência Ministerial da OMC, em Bali, na
Indonésia, em Dezembro de 2013, prevê a simplificação e a agilização dos
trâmites para o comércio de bens entre os membros, além de medidas de reforço
de transparência, cooperação entre autoridades aduaneiras e assistência técnica
para países em desenvolvimento.
O acordo só entrará em vigor
depois que dois terços dos Estados-membros da OMC (que são 162) o
ratificarem-no e, segundo a organização, 87% deste objectivo já foi alcançado.
O Brasil, Portugal (através da
União Europeia) e a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) já ratificaram
o acordo.
"Em 2015, os membros da
OMC decidiram eliminar os subsídios às exportações agrícolas, o tipo de apoio
que mais distorce o comércio e prejudica os países competitivos no agronegócio.
Esses são resultados expressivos, inclusive para os membros da CPLP, e queremos
fazer ainda mais. O apoio dos países da CPLP será muito importante para
garantir novas conquistas na OMC", sublinhou.
Roberto Azevêdo considerou
ainda positivo que a agenda económica do bloco lusófono tenha vindo a ganhar
importância nos últimos anos.
O director-geral da OMC disse
que tomou conhecimento de que há uma Confederação Empresarial da CPLP.
Em Março de 2010, o antigo
Conselho Empresarial da CPLP foi transformado em Confederação Empresarial,
tendo como objectivo promover a dinamização das relações entre empresas e
entidades suas representantes no âmbito da lusofonia.
"O envolvimento do sector
privado é chave para aumentar as trocas comerciais entre os membros da CPLP, e
a institucionalização do diálogo com os Governos pode ajudar a informar a
agenda da organização, de maneira a fomentar mais oportunidades de comércio e
investimento", referiu ainda.
O Brasil, sendo o gigante
económico do bloco lusófono, "seguramente terá todo interesse" em
aprofundar essa agenda, disse.
"Penso que todos os
países da CPLP têm a ganhar com isso e, naturalmente, todos exercem um papel
importante para garantir que esse potencial seja bem aproveitado", avaliou
Roberto Azevêdo. In “Expresso das Ilhas” – Cabo Verde com Lusa
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