SÃO PAULO – Como se sabe, a crise
econômica, nascida da falta de credibilidade das equipes econômicas dos últimos
governos, já não é uma possibilidade desenhada no futuro, mas uma situação
concreta, que impacta os diversos setores da economia e também as finanças dos
cidadãos. Um desses setores é o de transporte de cargas, que sofre em função do
aumento dos custos e da redução do valor e da quantidade dos produtos e
equipamentos transportados.
Em razão da crise, que faz com que as
empresas tratem de cortar todas as despesas possíveis, o custo de um frete é
hoje um tema bastante discutido. Afinal, o valor da entrega de uma carga é
influenciado pelo preço do diesel, pelo aumento do valor da taxa paga em
pedágios, pela distância percorrida, pelo salário dos caminhoneiros e ajudantes
e custos-extras que surgem em meio à travessia.
Menos mal que a Petrobras tenha
anunciado nova redução dos preços da gasolina e do diesel. A queda do preço do
diesel será de 10,4%. Em outubro, a Petrobras já havia reduzido o preço da
gasolina e do diesel, na primeira queda desde 2009. No entanto, a redução não
foi passada pelos postos aos consumidores. Segundo a Petrobras, se a redução
for repassada ao consumidor final, o preço do diesel pode cair 6,6%, ou cerca
de R$ 0,20 por litro. Seja como for, a verdade é que o preço do transporte da
carga afeta toda a cadeia de logística e, em consequência, a economia do País.
Diante do crescimento acelerado das
despesas, não foram poucas as transportadoras que, sem condições de atender às
exigências do mercado, já encerraram suas atividades e aquelas que não sabem se
conseguirão chegar até ao primeiro semestre de 2017. Muitas empresas,
pressionadas por embarcadores igualmente acossados pela crise e ávidos por
custos mais baixos, costumam calcular mal suas próprias operações na hora de
formar seus preços. Com isso, acabam enredadas em dificuldades, pois,
fatalmente, são levadas a recorrer a empréstimos bancários, passando para as
instituições financeiras o que seria o seu lucro.
Portanto, é importante que as empresas
e operadoras de logística encontrem a melhor solução para manter os custos do
frete em níveis razoáveis, levando em consideração o peso real da mercadoria ou
peso cubado (o que for maior), o valor da nota fiscal e os locais de origem e
destino. Ademais, ao valor final é necessário que sejam acrescidas taxas
como frete-peso, ad valorem, taxa de gerenciamento de risco (GRIS),
taxa de administração das Secretarias de Fazenda (TAS), taxa de restrição ao
trânsito (TRT), despesas administrativas e de terminais (DAT), seguro, pedágio
e tributos, como o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além
de taxas adicionais conhecidas como generalidades, tais como a dificuldade de
acesso ou a estocagem temporária no terminal de cargas.
Para o embarcador, é essencial escolher
uma empresa de logística que disponha do conhecimento necessário para fazer os
levantamentos dos detalhes que gerem economias maiores, como, por exemplo, a
escolha do transporte aéreo ou marítimo. Neste caso, basta lembrar que o frete
por navios pode chegar a ser 75% mais barato que o aéreo. A diferença é que o
transporte é mais demorado, mas com um nível de segurança superior.
Uma empresa que disponha de galpão em
uma localização privilegiada, próxima a portos ou aeroportos, constitui grande diferencial
nos custos de um negócio. Outro ponto a ser levado em conta quando da
contratação de uma transportadora é também a sua capacidade de entregar maior
quantidade de produtos em menor número de viagens, o que pode redundar em
significativa redução no custo do frete. Em tempos de crise, o fundamental é
estar atento aos mínimos detalhes. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:www.fiorde.com.br
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