O Canadá é um país que possui
uma economia desenvolvida, próspera e estável, além de ser uma das mais abertas
das Américas. Com uma população de 35 milhões, sua economia é baseada
prioritariamente em serviços, que representa a maior fatia do PIB, seguida pela
indústria e finalmente pela agricultura. O país é também a 10ª maior economia
do mundo (PIB - 2015) e possuí uma diversificada pauta de exportações, porém há
um grande destaque para os produtos manufaturados. Lideram as exportações os
veículos e peças automotivas, maquinário e equipamentos, produtos de alta
tecnologia, óleo, gás natural, metais e produtos florestais e agrícolas.
Nas importações, o país atrai
majoritariamente maquinário e equipamento industrial, inclusive equipamentos de
comunicação e eletrônicos, veículos e peças automotivas, matérias-primas
industriais (ferro e aço, metais preciosos, produtos químicos, plásticos,
algodão, lã e outros produtos têxteis), assim como produtos manufaturados e
alimentos. Neste cenário, é possível compreender o enorme potencial que o
Brasil tem de ser um dos principais parceiros comerciais do Canadá, uma vez
que, os principais setores de exportação do Brasil são o Agronegócio,
automotivo, Construção e Infraestrutura, Minério e Metais, além de Óleo e Gás,
Energia e Telecomunicações. Exatamente os setores que mais movimentam as
importações canadenses.
Os dois países, mutuamente, já
manifestaram o interesse em um estreitamento nas relações comerciais. Porém, a
decisão 32/2000 do bloco Mercosul não permite que o Brasil faça acordos
bilaterais de livre comércio de forma independente. Ou seja, toda e qualquer
negociação comercial entre Brasil e Canadá deve ser realizada dentro do bloco,
com todos os estados membros presentes. Para o Especialista em Acordos
Internacionais da Thomson Reuters, Marcos Piacitelli, os benefícios resultantes
em um acordo entre o Mercosul e o Canadá, ao se tratar de mercadorias, poderiam
ser bem significativos. “Estima-se que, num acordo entre o bloco e o Canadá, as
reduções tarifárias seriam em torno de 30% e incluiria a redução tarifária de,
pelo menos, 2 mil itens”, explica.
O especialista explica que em
2015, Mercosul e Canadá até realizaram reuniões exploratórias para avaliar a
viabilidade de abrir a negociação formal de um FTA (Free Trade Agreement).
“Houve reuniões para se discutir possíveis acordos, mas a resistência de
membros sempre fez com que os diálogos não avançassem às negociações”,
finaliza.
Mesmo sem um acordo bilateral
com o Canadá, o Brasil foi o 12º país que mais recebeu investimentos canadenses
em 2015, totalizando US$12,3 bilhões, segundo o próprio governo canadense.
“Isso mostra que o Brasil não é só importante para o comércio exterior da
América do Sul. Tanto que o governo canadense coloca o Brasil num ponto
prioritário nas ações de investimentos e incentivos”, ressalta Piacitelli. Os
números do governo do Canadá reforçam a tese de que um acordo comercial daria
ao Brasil mais condições de concorrer com os principais parceiros canadenses,
que hoje é essencialmente os EUA. Mais que isso, o setor agrícola seria o mais
impactado. Hoje a taxação média sobre estes produtos nas importações canadenses
é de 17%. Com um acordo, tais produtos, mediante comprovação de origem,
poderiam acessar o mercado com alíquota reduzida ou até mesmo extinta,
dependendo do que fosse negociado.
Além disso, os empresários
brasileiros, ao adquirem insumos no Canadá, também gozariam dos benefícios, uma
vez que as importações brasileiras seriam desoneradas. Neste cenário, a
indústria farmacêutica, química e aeronaves também se beneficiariam.
Tal acordo entre Mercosul e
Canadá seguramente iria além dos benefícios provenientes da redução de tarifas
aduaneiras. No atual cenário das negociações internacionais, onde os escopos
dos FTAs são muito mais abrangentes, os ganhos abrangeriam todos os setores,
bem como todas as áreas significativas e um país. “Thomson Reuters” – EUA in “Guia Marítimo”
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