SÃO PAULO – O cenário econômico chinês
está passando por enormes transformações desde a crise mundial de 2008, quando
o governo local decidiu criar um mercado interno forte para reduzir a
dependência em relação aos Estados Unidos e à União Europeia. Mas isso não
significa que seu grande mercado esteja fechado ou que não haja oportunidades
para empresas estrangeiras. Pelo contrário. A China ainda enfrenta graves
problemas de abastecimento e necessita não só de alimentos como de uma grande
quantidade de bens duráveis. Além disso, não são poucos aqueles que se tornaram
milionários na China pretensamente comunista e que, agora, sentem-se ávidos por
comprar produtos de grife ou de luxo.
Em outras palavras: a China quer mudar
seu modelo econômico, que estava centrado nas manufaturas para exportação, na
mão de obra barata, no câmbio desvalorizado e nos grandes investimentos
estatais na indústria e em obras de infraestrutura, como estradas e aeroportos.
Agora, o seu foco é o de construir uma economia de consumo interno e de
serviços. Como a sua população é imensa e o país não reúne condições de sozinho
abastecer esse grande mercado consumidor, está claro que, hoje, muitas oportunidades
para empresas estrangeiras começam a surgir por lá.
Mas, antes de tudo, obviamente, o
exportador brasileiro deve fazer uma pesquisa de mercado, pois os chineses têm
hábitos bem diferentes daqueles exercitados pelos ocidentais, o que pode
inviabilizar a exportação de muitos produtos. Ao mesmo tempo, os asiáticos, de
um modo geral, demonstram muito interesse em conhecer os hábitos de consumo do
Ocidente, o que significa que podem se abrir para novas experiências.
Por exemplo: é milenar o hábito chinês
de consumir chá, o que significa que haveria poucas chances de exportar café
para lá. Mas, como os chineses estão se ocidentalizando, não custaria muito uma
tentativa de buscar espaço para o café brasileiro. Ou ainda de vender produtos
semipreparados, já que os chineses, a exemplo dos ocidentais, têm cada vez
menos tempo para ficar na cozinha.
Outro mercado na China em crescimento é
o de carne bovina. Como o mercado é bastante reduzido, o governo chinês está
empenhado em subsidiar a produção local, que é estimada em 3 milhões de
toneladas por ano. Sabe-se que o consumo per
capita é de apenas 5 quilos por pessoa anualmente, mas, levando-se em conta
o número de consumidores chineses, basta imaginar que o aumento desse índice
para 6 quilos já equivalerá a uma drástica mudança no mercado mundial. E, se os
fornecedores brasileiros participarem dessa mudança, está claro o que isso pode
significar no sentido de revitalizar a economia nacional. Milton Lourenço - Brasil
__________________________________________
Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística
Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário