SÃO PAULO – O comércio entre
Brasil e Argentina encerrou 2015 com queda de 18,8% em relação a 2014, com uma
corrente de comércio de US$ 23 bilhões e um déficit para o país vizinho de US$
2,6 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC). As exportações do Brasil para a Argentina caíram de
US$ 14,2 bilhões em 2014 para US$ 12,8 bilhões em 2015, enquanto as importações
desceram no mesmo período de US$ 14,1 bilhões para US$ 10,2 bilhões. As vendas
argentinas para o Brasil representaram 5,9% do total importado pelo País em
dezembro, 1% a menos em comparação com o mesmo mês de 2014.
Se nos últimos tempos esse
relacionamento foi dos mais conturbados, em função de uma exacerbado
protecionismo praticado pelo governo de Buenos Aires, não se pode deixar de
reconhecer que a integração com a Argentina, por meio do Mercosul desde 1991,
produziu uma atividade de comércio crescente, que ainda pode alcançar níveis
mais significativos. Isso, porém, só será possível se as duas nações
conseguirem estabelecer um relacionamento mais afinado, a partir da assinatura
de acordos mais amplos, bilaterais ou no âmbito do bloco.
Com a eleição de Mauricio
Macri para a presidência argentina, parece que essa situação será revertida.
Antes mesmo de sua posse, Macri anunciou como sua prioridade estabelecer uma
“aliança estratégica” com o Brasil que passaria pela eliminação de barreiras e
pela aproximação com a Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México, Peru e
Costa Rica), além de esforços para a formalização de um tratado de
livre-comércio com a União Europeia (UE).
Mas, se essa possibilidade não
ficar clara logo, a única alternativa que restaria ao Brasil seria deixar de
ser refém do Mercosul e partir para acordos comerciais com os países do bloco
do Pacífico, com a UE e os EUA. É de se ressaltar que o País não pode mais
perder tempo contemporizando interesses diante de barreiras que contrariam o
espírito do Mercosul e da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ou seja, é
preciso buscar logo maior intercâmbio com EUA e UE. Até porque os EUA já
fizeram um acordo amplo com países asiáticos e, se conseguirem assinar um
tratado com a UE, esses blocos irão determinar o padrão do comércio pelas
próximas décadas.
Dessa maneira, todas as
questões regulatórias, fitossanitárias, tarifárias e aduaneiras serão
estabelecidas por esses atores. E a quem estiver de fora desse âmbito só
restará obedecer, sem possibilidade de participar das discussões. Se esse
quadro afigura-se inevitável, é preferível que Brasil e Argentina, por meio do
Mercosul, estejam dentro dessas negociações planetárias. Portanto, está na hora
de seus governos deixarem de misturar política com comércio. Milton Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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