SÃO PAULO – A importação de
bens de capital (ou bens de produção) caiu 20% em 2015. Isso significa que as
indústrias estão investindo menos na modernização de suas plantas. Se o poder
de competição da economia nacional já é baixo, a queda na importação de bens de
capital é motivo de preocupação, pois, como se sabe, o termo inclui fábricas,
máquinas, ferramentas e equipamentos que são utilizados para produzir outros
produtos. Em outras palavras: o parque industrial nacional a médio prazo pode
ter o seu poder de competição ainda mais comprometido, deixando de incorporar
novas tecnologias em sua manufatura.
Tudo isso é consequência da
perda de competitividade das empresas como resultado da pouca integração da
economia brasileira no mercado global, que se deu por completo desleixo das
autoridades brasileiras, que, desde 1991, quando o Brasil se tornou membro do
Mercosul, só conseguiram viabilizar três acordos de livre-comércio. E, mesmo
assim, com economias de pouca representatividade: Israel, Palestina e Egito.
Desses, só o primeiro continua em vigor.
É claro que só a formalização
de acordos não resolve todo o problema causado pelo crescimento lento da
produtividade. Há outras questões que já deveriam ter sido atacadas com maior
ênfase, como a falta de estrutura logística no País. Sem contar os problemas
causados por mudanças cambiais desfavoráveis e outros fatores como aumento dos
custos com energia e os custos tributários, previdenciários, trabalhistas e
burocráticos, que contribuem para a elevação do custo produtivo.
Com a falta de competitividade
da indústria, o País não pode avançar nas negociações e paga o preço das
inconsequências feitas no período de 2003-2014. Uma delas deu-se em 2005,
quando o governo brasileiro, ao lado do argentino, trabalhou para levar ao
fracasso as negociações para a criação da Área de Livre-Comércio das Américas
(Alca), proposta norte-americana. Para piorar, o governo brasileiro, a pretexto
de garantir a abertura do mercado venezuelano para a indústria nacional, o que
se dará de modo completo só em 2018, trouxe a Venezuela para o Mercosul,
obviamente por afinidade política à época com o governo Hugo Chávez
(1954-2013).
Hoje, porém, com a ascensão do
governo liberal de Mauricio Macri na Argentina e o aggiornamento do segundo
governo Rousseff em direção ao liberalismo econômico, a Venezuela pode se
tornar uma pedra no sapato do Mercosul em seu objetivo de fechar acordos com a
União Europeia, a Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta), que reúne
Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, e a Aliança do Pacífico (México,
Peru, Colômbia e Chile). Menos mal que as conversações com a Argentina estejam
caminhando bem em direção a um acordo de livre-comércio no setor automotivo. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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