Desde o dia 22 de janeiro, e
até 22 de fevereiro próximo, está a decorrer em Pangim, capital do Estado
indiano de Goa, o 2.º Festival da Lusofonia, organizado pela Sociedade Lusófona
de Goa, depois do grande sucesso que teve a 1ª edição de 2015.
Para participar no ato de
abertura do Festival, e pronunciar umas palavras sobre a Galiza, a Nossa Terra,
inaugurando uma exposição bibliográfica, fotográfica e discográfica dedicada à
terra onde nasceu a língua portuguesa, desloquei-me de Santiniketon, a «Morada
da Paz» tagoreana, no coração da Bengala indiana, onde, depois de reformar-me,
moro cada ano os seis meses de outubro a abril, até Goa, viajando no avião da
companhia «Índigo» do aeroporto de Calcutá ao «Vasco da Gama» goês, no passado
dia 21 de janeiro. Por volta das 2 da tarde cheguei a terras goesas, que banha
o Mar Arábigo, muito similares às nossas terras galaicas, agás no que se refere
à temperatura e vegetação, tropical em Goa e oceânica na Galiza. No dia 26,
também em avião da mesma companhia, em dia feriado, por ser em toda a Índia o
«Dia da República», voltei para Santiniketon, via Calcutá (de nome oficial
Kolkata), onde agora me encontro. Depois de desfrutar muitíssimo do radiante
sol goês, das suas lindas praias, do seu mar e das suas temperadas águas, da
requintada comida goesa, com grande influência portuguesa, na qual os produtos
do mar (peixes e mariscos variados) são fundamentais, mas, muito especialmente,
de poder exprimir-me em muitos lugares – nomeadamente no bairro de Fontainhas
(sic) da capital goesa, e em Margão, Curtorim e Mapuçá – na minha língua
internacional. Em Goa é onde mais te podes dar conta da asneira que é dizer que
galego e português são duas línguas diferentes, como, infelizmente, defendem
desde há muito tempo os «isolacionistas», que nos impuseram a desgraçada norma
ortográfica chamada «oficial», por diploma de 1983, sem debate prévio algum.
MOSTRA SOBRE A GALIZA
Instalada na Biblioteca
Central de Goa, um moderníssimo prédio não há muitos anos inaugurado, que tem
um imenso andar monográfico dedicada à cultura portuguesa, e que não tem nada
que invejar a qualquer outra biblioteca europeia (estou seguro que na mesma
Índia é a melhor biblioteca de toda a República Federal indiana), instalou-se
numa ampla sala uma exposição bibliográfica e fotográfica dedicada à Galiza.
Para a mesma, e como doação, foram enviados da Galiza vários lotes de livros
editados pela AGAL, a AGLP e a Fundaçom Meendinho.
Na exposição figuram também
livros da autoria de Adela Figueroa Panisse e da Adega, e vários doados por mim
que tinha em Santiniketon: CDs de música popular galega editados por Ouvirmos,
uma bandeira galega, um álbum de 40 fotos de vários lugares da Galiza (praias,
monumentos, cidades, grupos folclóricos e comidas típicas), vinte painéis fotográficos
com paisagens, praias, cidades importantes, monumentos, gastronomia, artes
populares, castros, igrejas e dólmens, a primeira edição em galego e bengali de
uma antologia das Cousas da Vida de
Castelão, editada em Calcutá, uma monografia de Ir Indo sobre Castelão e vários
guias ilustrados sobre a Galiza.
No ato de abertura da
exposição, celebrado na 6ª feira dia 22 de janeiro, às 17:30 horas goesas,
pronunciei um pequeno discurso, em que destaquei especialmente que a Galiza,
junto com o Norte de Portugal, é o berço da língua portuguesa, portanto, com
pleno direito e razão para integrar-se na Lusofonia. Também comentei o muito
que a Galiza sofrera durante séculos, depois dos Reis Católicos e a dependência
de Castela, na sua cultura e idioma próprios, com alargamento à ditadura
franquista, fazendo menção especial de Castelão, como o nosso vulto mais
importante, mas também de Rosália, Pondal, Curros, Vilar Ponte, Biqueira,
Carvalho Calero, Marinhas e Guerra da Cal, entre outros. Como é natural, falei
das entidades galegas colaboradoras e a sua luita pela recuperação da língua e
a integração da mesma no mundo lusófono a que pertence. Aproveitei também para
entregar a todos os assistentes cópia de um meu depoimento, publicado em 2005,
após a minha primeira visita a Goa, no qual identifico Goa com a Galiza, sob o
título de «Goa, um recanto
galego-português na Índia».
Entre os assistentes ao ato, a
maioria já amigos meus, devo destacar os membros da Sociedade Lusófona de Goa
Aurobindo Xavier (secretário), e sua esposa Margarida, e os membros da direção
Mário Silva e o Dr. Fonseca. Também os intelectuais goeses Rafael Viegas,
Percival Noronha, Álvaro Pires da Costa, Francisco da Fonseca, Alírio Costa,
Ofélia de Sá e seu esposo, Jeanette e Clifton Afonso, Aurora Couto, Suresh
Amonkar, o veterinário Dr. Gustavo Pinto e a que foi importante bibliotecária
em Goa Mª Lourdes Bravo da Costa e seu esposo Lionel Rodrigues. Por
encontrar-se em Goa nesta altura, estiveram presentes a investigadora em
história, de Lisboa, Sandra Ataíde Lobo e o professor reformado da Universidade
Nova de Lisboa Artur Teodoro de Matos. O diretor da nova biblioteca de Goa,
Carlos M. Fernandes, esteve também presente. O qual se comprometeu a abrir uma
seção na biblioteca dedicada à Lusofonia e o Mundo Lusófono, incorporando já os
livros e materiais da exposição dedicada à Galiza, como primeira doação, uma
vez encerrada a mesma, dando assim também um espaço à Sociedade Lusófona de
Goa, que tão bem dinamiza Aurobindo Xavier, e com os seus esforços a mantém
viva. Paz Rodrigues – Índia in “Portal
Galego da Língua”
O 2º Festival da Lusofonia em
Goa foi notícia no “Baía da Lusofonia”
no dia 25 de Setembro de 2015.
José
Paz Rodrigues - É Professor de EGB em excedência, licenciado
em Pedagogia e graduado pela Universidade Complutense de Madrid. Conseguiu o
Doutoramento na UNED com a Tese Tagore, pioneiro da nova educação. Foi
professor na Faculdade de Educação de Ourense (Universidade de Vigo);
professor-tutor de Pedagogia e Didática no Centro Associado da UNED de Ponte
Vedra desde o curso 1973-74 até à atualidade; subdiretor e mais tarde diretor
da Escola Normal de Ourense. Levou adiante um amplíssimo leque de atividades
educativas e de renovação pedagógica. Tem publicado inúmeros artigos sobre
temas educativos e Tagore nas revistas O Ensino, Nós, Cadernos do Povo, Vida
Escolar, Comunidad Educativa, Padres y Maestros, BILE, Agália, Temas de O
ensino, The Visva Bharati Quarterly, Jignasa (em bengali)... Artigos sobre tema
cultural, nomeadamente sobre a Índia, no Portal Galego da Língua, A Nosa Terra,
La Región, El Correo Gallego, A Peneira, Semanário Minho, Faro de Vigo, Teima,
Tempos Novos, Bisbarra, Ourense... Unidades didáticas sobre Os magustos, Os
Direitos Humanos, A Paz, O Entroido, As árvores, Os Maios, A Mulher, O Meio
ambiente; Rodrigues Lapa, Celso Emílio Ferreiro, Carvalho Calero, São Bernardo
e o Cister em Ourense, em condição de coordenador do Seminário Permanente de
Desenho Curricular dos MRPs ASPGP e APJEGP.
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