SÃO PAULO – O incêndio que
atingiu, no dia 14 de janeiro, 20 contêineres refrigerados que armazenavam
produtos químicos no pátio alfandegado da Localfrio, na margem esquerda do
porto de Santos, em Guarujá, não alcançou as proporções daquele que ocorreu na margem
direita, no Distrito Industrial da Alemoa, em abril de 2015, mas serviu para
deixar mais uma vez à mostra a flagrante falta de infraestrutura do País em
quase todos os segmentos. Se um incêndio de pequenas proporções provocou tantos
transtornos, é de se imaginar o que ocorreria num acidente de grandes
proporções.
Seja como for, os dois
incêndios mostram a situação de calamidade pública que a Baixada Santista pode
chegar, se vier a ocorrer um acidente de grandes proporções no porto, seja
incêndio ou vazamento. Se o principal porto do País opera em condições tão
precárias, sem plano de emergência que mereça a confiança da população, não se
pode esperar que os demais portos brasileiros possam oferecer melhores
condições.
Por enquanto, o Corpo de Bombeiros
faz o monitoramento do local, enquanto especialistas da Companhia Docas do
Estado de São Paulo (Codesp), da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
(Cetesb) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) preparam o trabalho de auditoria sobre as causas do
acidente. Um laudo parcial da Localfrio está prometido para 30 dias, a contar
de 17 de janeiro.
Até o momento, as causas do
acidente não foram divulgadas. De qualquer modo, levando em conta a orientação
dada pela Cetesb para que a Localfrio venha a segregar resíduos de dicloro que
não queimaram e a sua cobertura para evitar o contato com águas da chuva, o que
poderia desencadear nova reação química, provocando emissão de fumaça e,
obviamente, transtornos à população, isso pode indicar que, em tese, os
procedimentos não teriam sido os mais adequados.
Diante disso, o sentimento que
fica é de impotência diante da inevitabilidade dos fatos. Mesmo que a auditoria
aponte as causas e possíveis culpados, não se acredita que as autoridades
venham a criar condições para um enfrentamento mais rápido diante de situações
críticas. Também não se sabe até agora que as punições e multas aplicadas em
casos anteriores tenham resultado em efetivas medidas de segurança e para melhorar
a qualidade de vida da população. Assim, o mais provável é que, em semanas, o
recente desastre caia no esquecimento e as prometidas medidas reparadoras
também. Até quando a população terá de conviver com tamanha insegurança? Milton Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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