Governos
e sector privado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) devem
fazer “esforços conjuntos” para capitalizar as oportunidades que a dinâmica
região da Ásia oferece, defendeu ontem o vice-ministro dos Negócios
Estrangeiros timorense. Por sua vez, o ex-ministro português Luís Amado destacou que continua a haver “alguns
preconceitos”, incluindo em Portugal, sobre o papel da CPLP nesta dimensão mais
económica, o que considera “uma falta de percepção em relação ao papel
importante que a CPLP tem a desempenhar no futuro”
A Ásia oferece muitas
oportunidades, mas estas têm também desafios. E para colocar a bandeira da CPLP
na Ásia é preciso adoptar um esforço conjunto e unido com o sector privado”,
disse Roberto Sarmento Soares.
“É preciso uma acção coerente
e coordenada, com uma visão do Governo e do sector privado, porque só assim se
podem extrair os benefícios do dinamismo regional e global”, sublinhou.
Roberto Soares falava em Díli
numa conferência no âmbito da segunda reunião dos ministros do Comércio da
CPLP, que antecede o 1.º Fórum Económico Global lusófono que reunirá na capital
timorense centenas de empresários e delegados de mais de 20 países.
O vice-ministro afirmou que a
Ásia está a tornar-se um novo “centro global” da economia mundial, com grandes
oportunidades mas também desafios. Entre os desafios mais prementes está a
distribuição desigual de riqueza, uma população envelhecida, conflitos étnicos
e religiosos que afectam o desenvolvimento e o crescente problema da poluição
ambiental.
Para Roberto Soares, os
Governos têm estado a esforçar-se para melhorar as condições para os empresários
actuarem, mas cabe agora ao sector privado “continuar os esforços do Governo”,
procurando tornar-se “mais produtivo e inovador”.
A conferência ouviu várias apresentações
sobre oportunidades de investimento em Timor-Leste, com destaque para projectos
como a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse e Ataúro,
ou a cooperação trilateral Timor-Leste-Austrália-Indonésia.
Mari Alkatiri, responsável da
ZEESM, destacou os estudos preliminares que apontam importantes retornos no investimento
na região de Oecusse.
“Uma infraestrutura ecológica
única, que permite o desenvolvimento de actividades de nicho, como o turismo
sustentável [ou] agricultura orgânica”, disse, considerando que agora é
importante avançar com estudos mais pormenorizados que permitam detalhar a
viabilidade de todas as opções, no âmbito do programa de ordenamento do território
já aprovado.
Em termos gerais, Mari Alkatiri
disse que em Timor-Leste a maior aposta deve ser nas áreas da agroindústria,
turismo e sector financeiro, que “devem ser desenvolvidos de forma integrada”.
É a economia
Já o ex-ministro português
Luís Amado salientou que a CPLP não pode ser um espaço fechado nas questões da
língua e da cultura, aspectos que só se aprofundam e desenvolvem se sustentados
pelas relações económicas e comerciais.
O ex-ministro sublinhou que não
se pode analisar a integração económica regional na CPLP da mesma forma que se
pensa na integração de cada Estado membro nas suas regiões respetivas.
“Mas há processos de
facilitação do comércio e do investimento, de incentivo às relações económicas
entre os estados membros desta comunidade que politicamente podem ser favorecidos
em termos mais favoráveis, mesmo sem pôr em risco os processos de integração de
cada país nas suas comunidades económicas regionais, como a UE, o Mercosul, a
ASEAN ou outras”, acrescentou.
Luís Amado destacou que continua
a haver “alguns preconceitos”, incluindo em Portugal, sobre o papel da CPLP
nesta dimensão mais económica, o que considera “uma falta de percepção em
relação ao papel importante que a CPLP tem a desempenhar no futuro”, que passa
também pela “mudança do conceito do que é a CPLP”. In “Jornal Tribuna de Macau”
- Macau
Sem comentários:
Enviar um comentário