SÃO PAULO – Lançado em 2007, o Plano
Nacional de Logística e Transporte (PNLT) previa que a participação do modal
aquaviário na matriz de transporte nacional sairia de 13% em 2005 para 29% em
2025. E, mesmo com as dificuldades da atual crise político-econômica que atrasa
o desenvolvimento do País, parece que essa marca não está tão distante assim: com
um avanço médio de 30% ao ano, desde 2008, as companhias especializadas em
cabotagem vêm apostando na massificação do modal entre pequenas e médias empresas
para manter crescimento.
Apesar de o modal rodoviário ser o mais
usado, questões como o aumento do frete – impulsionado pelo custo do diesel –
podem mudar o cenário. Nesse caso, a atuação do operador logístico é
fundamental, pois, isolada, uma empresa de pequeno porte pode não ter muito
poder de negociação, mas, ao lado de outras, passar a ter condições de obter uma
redução de até 40% nos custos de uma operação.
É de se lembrar que recente estudo do Instituto
de Logística e Supply Chain (Ilos), do Rio de Janeiro, apontou que para cada
contêiner transportado pela cabotagem ainda existem 6,5 contêineres com
potencial para migrar para a navegação costeira. Isso significaria redução de custos logísticos
da cadeia de transportes, eficiência ambiental e segurança para as cargas e nas
estradas, sem causar danos ao segmento rodoviário, pois o transporte por via
marítima somente pode ser adequado a maiores distâncias. Ao contrário deste
modal, furtos e roubos, praticamente, não existem na cabotagem, que garante ainda
maior integridade das cargas, com índices de avarias bem inferiores aos do
transporte rodoviário.
A competitividade da cabotagem não está
apenas na questão do frete. Ou seja, é possível eliminar a utilização de
armazéns temporários e a movimentação da carga com o uso do próprio contêiner
como armazenagem temporária a partir da estufagem na planta do produtor até a
entrega ao seu cliente final. Outro ponto a favor da cabotagem é a vigência da recente
Lei do Caminhoneiro, que impede o abuso nas horas trabalhadas pelos motoristas
de utilitários.
Para o avanço do modal, porém, existem muitos
entraves como questões burocráticas e a baixa frequência de embarques e
desembarques. Além disso, as obras de melhoria dos acessos aos portos,
infelizmente, não têm acompanhado a crescente demanda. Essa deficiência é
visível tanto na estrutura rodoviária como na ferroviária no porto de Santos,
por exemplo.
Para tanto, são necessários cada vez
mais investimentos na infraestrutura portuária, desde dragagem e manutenção da
profundidade dos canais de acesso e nos terminais até o aumento no número de
terminais portuários. Sem contar que a cabotagem ainda é tratada do mesmo modo
que o comércio internacional, com exigências legais iguais às do longo curso, o
que é um contrassenso. Milton Lourenço -
Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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