SÃO PAULO – É de se reconhecer o
esforço que a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) faz para manter a
profundidade do canal de navegação do Porto de Santos, atualmente em 13,2 metros . Sabe-se
que a Secretaria de Portos (SEP) pretende contratar ainda no primeiro semestre
de 2015 uma empresa para executar um trabalho de dragagem que deverá deixar a
parte central do estuário e os berços de atracação com uma profundidade de 15,4 a 15,7 metros .
Acontece, porém, que essa é a terceira
tentativa da SEP de licitar o serviço, já que as duas concorrências abertas
anteriormente redundaram em fracasso, pois os preços apresentados pelas
empresas foram considerados altos. É de se ressaltar que os valores
apresentados levaram em conta o período do contrato de três anos e os riscos
que os interessados corriam, considerando-se que os custos de atividade variam
de acordo com o dólar. Por isso, a SEP agora quer licitar um contrato por dois
anos. Seja como for, o resultado foi um ano perdido em discussões inócuas.
Diante disso, não será de se estranhar
se a terceira tentativa de licitação do serviço vier a fracassar. Como o
assoreamento do canal de navegação não espera – pelo contrário, dá-se cada vez mais
rápido em função das marés e do afluxo de sedimentos trazidos pelos rios da
região que deságuam no estuário –, faz bem a Codesp em licitar pelo menos o
serviço de dragagem do Trecho 1 de acesso ao porto, entre a Barra de Santos e o
Entreposto de Pesca, além de renovar o contrato em vigor para a realização dos
serviços na área restante do estuário, que inclui os trechos 2,3 e 4.
Com isso, a Codesp pelo menos
garantirá a manutenção do calado de 13,2 metros , fundamental para assegurar a
competitividade do cais santista. Caso contrário, os navios terão de sair do
porto cada vez com menos carga, o que significa maiores custos operacionais.
Com a inauguração ainda neste ano das
obras de ampliação do Canal do Panamá, navios cada vez maiores deverão descer
para o Atlântico Sul. Mas a preferência obviamente será para portos que tenham
condições de garantir sua navegabilidade, mesmo carregados no limite de sua
capacidade. Afinal, armador nenhum compra navios para que naveguem vazios ou
com meia carga. Nesse horizonte, o canal do estuário do porto santista, mesmo
com obras de aprofundamento, não parece com o futuro garantido. É por isso que
a SEP já deveria estar pensando na construção de uma plataforma off shore (afastada da costa) no Porto de Santos, ainda
que com o aporte de capitais estrangeiros. Milton
Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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